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Energia

Depósito gigantesco de hidrogênio descoberto na França é renovável

Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/04/2025

Depósito gigantesco de hidrogênio descoberto na França é renovável
A mineração de hidrogênio poderá se juntar às outras cores do gás, sobretudo do hidrogênio verde, o mais próximo da realidade até agora.
[Imagem: Gerado por IA/Gemini]

Hidrogênio duplamente renovável

Geólogos confirmaram a existência de um depósito natural de hidrogênio sob os campos de carvão da região nordeste da Lorena Francesa.

E as avaliações iniciais, que se seguiram ao anúncio da descoberta, feita no final do ano passado, indicam que esta é a maior reserva mundial desse gás e, ainda mais importante, pode ser um depósito de hidrogênio inesgotável, que se renova continuamente.

O hidrogênio é amplamente considerado o caminho mais promissor para substituir combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural. Ao contrário destes, sua combustão não produz dióxido de carbono (CO2), o gás de efeito estufa (GEE) considerado o principal contribuinte para as mudanças climáticas.

Por esta razão, há grande esperança de que o hidrogênio seja usado para alimentar futuros veículos equipados com células de combustível, dispositivos que transformam diretamente hidrogênio e oxigênio em eletricidade. O gás também pode fornecer uma alternativa limpa para todas as indústrias que atualmente dependem do metano, incluindo fábricas de cimento, produção de aço, metalurgia etc.

Contudo, o caminho para uma Economia do Hidrogênio não é tão suave quanto se pensava inicialmente, a começar pelo fato de que a quase totalidade do hidrogênio disponível hoje é produzido a partir da reforma do metano, ou seja, é um combustível limpo mas que é produzido a partir de um combustível "sujo".

Encontrar depósitos de hidrogênio puro é um caminho muito mais promissor, já que o gás poderá ser extraído por técnicas comuns de mineração.

O depósito do gás foi encontrado em uma região na fronteira entre a França e a Alemanha mais conhecida por suas minas de carvão, a última das quais foi fechada há 20 anos, justamente por ser o carvão o combustível fóssil considerado mais poluente. Mas agora a região poderá renascer, tornando a maior mina de hidrogênio do mundo - ou, mais precisamente, de di-hidrogênio (H2).

Depósito gigantesco de hidrogênio descoberto na França é renovável
Esta é nova sonda, que permitiu a descoberta do depósito de hidrogênio. O dispositivo de monitoramento foi miniaturizado para caber em um eixo de 6 cm de diâmetro.
[Imagem: Laeticia Vançon/GéoRessources]

Depósito geológico de hidrogênio

Normalmente se usa o termo hidrogênio "branco" para designar o di-hidrogênio que se forma naturalmente no subsolo.

"Ele é chamado de 'branco' porque sua produção não gera gases de efeito estufa. Ao contrário do hidrogênio 'preto' e 'cinza', que são fabricados pelo processamento de carvão e gás natural, respectivamente - em outras palavras, combustíveis fósseis que geram grandes quantidades de GEEs - o hidrogênio branco está diretamente disponível," explica Jacques Pironon, da Universidade de Lorraine, que fez a descoberta com seu colega Philippe de Donato.

A equipe estava trabalhando para caracterizar o depósito de outro gás, o metano (CH4), mas medir quanto gás há embaixo da terra exigiu que eles desenvolvessem uma sonda especializada, capaz de medir a concentração dos gases dissolvidos na água subterrânea. Essa sonda permitiu traçar um perfil das concentrações de gás em várias profundidades, e análises dos veios de carvão a 600 e 800 metros confirmaram uma primeira descoberta importante: A mistura de gás presente nesses níveis é mais de 96% metano, ou seja, metano quase puro.

Mas o perfil também mostrou algo muito mais interessante, o hidrogênio. "A 200 metros, a concentração deste composto era muito baixa - cerca de 0,1%, o que é bastante comum nessa profundidade," contou Donato. "Então esta medição inicial não foi nenhuma surpresa." Mas então, conforme a sonda descia mais fundo, os níveis de hidrogênio começaram a subir.

"Nós realmente começamos a nos perguntar o que estava acontecendo quando eles saltaram de 1% para 6% entre 600 e 800 metros. Foi a primeira vez em qualquer lugar do mundo que uma concentração tão alta de hidrogênio foi encontrada no subsolo." E isso foi apenas o começo. A 1.100 metros, a concentração de di-hidrogênio excedeu 15%. "Foi quando percebemos que possivelmente tínhamos encontrado um depósito insuspeito de hidrogênio branco!" exclamou Donato.

Depósito gigantesco de hidrogênio descoberto na França é renovável
Instalação para monitoramento de níveis subterrâneos de hidrogênio, capaz de realizar medições em profundidades de até 1.100 metros.
[Imagem: Laeticia Vançon/GéoRessources]

Fábrica natural de hidrogênio

Conforme avançaram nos estudos, a dupla teve outra surpresa: Talvez o depósito de hidrogênio não apenas seja o maior do mundo, mas também pode ser praticamente inesgotável, por ser continuamente renovado.

Os pesquisadores acreditam que o gás é produzido continuamente por uma verdadeira fábrica natural de hidrogênio entranhada no subsolo, cujas matérias-primas são moléculas de água e minerais compostos de carbonatos de ferro (FeCO3 e Ca(Fe,Mg,Mn)(CO3)2 ).

"A terra ao redor da mina Folschviller é rica nesses dois tipos de compostos. Quando eles entram em contato, ocorre uma reação físico-química chamada redox, na qual os minerais separam as moléculas de água (H2O) em oxigênio (O2) e hidrogênio (H2)," explicou Pironon.

Segundo os geólogos, o hidrogênio detectado a 1.100 metros é produzido em maiores profundidades e sobe por difusão, uma hipótese que sugere a presença de concentrações ainda maiores mais abaixo. "De acordo com simulações iniciais, a 3.000 metros os níveis podem exceder 90%," disse Donato.

Se esses números estiverem corretos, a reserva de Lorraine pode conter aproximadamente 46 milhões de toneladas de hidrogênio natural, o equivalente a mais da metade da produção anual atual de hidrogênio cinza do mundo.

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