Criados canudos de papel 100% biodegradáveis que não encharcam

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/02/2023

O novo canudo é muito mais resistente do que os atuais.
[Imagem: KRICT]

Canudo de papel com e sem plástico

Talvez você já tenha optado - ou sido forçado - a substituir os canudos de refrigerante feitos de plástico por versões de papel.

O que talvez não lhe contaram é que os canudos de papel à venda hoje não são feitos apenas de papel.

Se feitos com 100% de papel, os canudos encharcam-se rapidamente quando entram em contato com líquidos e não podem funcionar como canudos. Por conta disso, sua superfície deve ser revestida, sendo o revestimento mais utilizado o polietileno ou a resina acrílica, os mesmos materiais utilizados para a fabricação de sacolas plásticas e adesivos - os copos de papel também são revestidos com estes mesmos materiais.

Certamente que é melhor que um canudo inteiramente de plástico, mas pesquisas já mostraram que o revestimento de polietileno pode se desintegrar em pequenas partículas sem ser totalmente decomposto, aumentando o grupo dos microplásticos. Além disso, o revestimento dificulta a reciclagem do papel porque ele vem recoberto com um material muito diferente.

A boa notícia é que Hojung Kwak e colegas do Instituto de Pesquisa de Tecnologia Química da Coreia acabam de desenvolver canudos de papel ecológicos que são 100% biodegradáveis, funcionam melhor do que os canudos de papel convencionais e podem ser facilmente produzidos em massa.

A tecnologia baseia-se em uma nova composição para o revestimento, feito à base de um plástico biodegradável bem conhecido, chamado PBS (succinato de polibutileno), ao qual é adicionada uma pequena quantidade de nanocristais de celulose, que é o principal componente do papel.

A nanocelulose garante uma perfeita adesão do plástico biodegradável ao papel usado para compor o canudo, gerando um canudo funcional, que não encharca e que depois degrada-se no ambiente ou pode ser reciclado normalmente como papel.

Os novos canudos (linha inferior) degradaram-se completamente após 120 dias em ambiente marinho, o mais exigente em termos de biodegradabilidade.
[Imagem: KRICT]

Testes de biodegradabilidade

Os testes mostraram que esses canudos de papel ecológicos mantêm sua integridade física não apenas em bebidas frias, mas também em bebidas quentes, não ficando encharcados mesmo quando usados para mexer bebidas como água, chá, refrigerantes, leite e outras bebidas contendo lipídios, ou meramente ficando em contato prolongado com esses líquidos.

Em testes comparativos, o canudo de papel convencional foi severamente dobrado quando um peso de 25g foi suspenso após o canudo ser mergulhado em água fria a 5 °C por 1 minuto. Em contraste, o novo canudo de papel 100% reciclável quase não dobrou mesmo com o dobro do peso (50g) nas mesmas condições.

Para testar a biodegradabilidade, a equipe foi logo para o ambiente mais exigente, o mar. No geral, papel e plástico se decompõem muito mais lentamente no oceano do que no solo por causa da baixa temperatura e da alta salinidade, que impedem o crescimento de micróbios. A equipe realizou um teste de decomposição imergindo seus canudos a profundidades de 1,5 e 2 m na costa perto de Pohang, na Coreia do Sul.

Os canudos de plástico comuns e os canudos à base de milho não se decompuseram após 120 dias. Os canudos de papel convencionais encontrados hoje no comércio preservaram sua forma e perderam apenas 5% de seu peso total. Em contraste, os novos canudos desenvolvidos pela equipe perderam mais de 50% do peso após 60 dias e se decompuseram completamente no período de 120 dias.

"Esta tecnologia é apenas um pequeno passo na direção que precisamos tomar nesta era do plástico. Transformar um canudo de plástico que costumamos usar em um canudo de papel não afetará imediatamente nosso meio ambiente, mas a diferença será profunda com o tempo. Se nós mudarmos gradualmente do uso de produtos de plástico descartáveis convenientes para vários produtos ecológicos, nosso ambiente futuro será muito mais seguro do que o que nos preocupa agora," disse o professor Oh Dongyeop, coordenador da equipe.

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