Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/07/2021
Couro feito de fungos
O couro sintético é um pouquinho melhor, mas, assim como a indústria do couro natural que ele veio substituir, sua produção também tem um largo impacto ambiental devido a processos intensivos em recursos e ao uso de substâncias químicas agressivas.
É por isso que pesquisadores do Centro de Pesquisas Técnicas da Finlândia estão procurando alternativas também para o couro sintético.
No ano passado, eles desenvolveram uma rota promissora produzindo um couro à base de fungos.
Agora, eles conseguiram escalonar o processo para uma produtividade mais próxima da escala industrial, produzindo amostras nas dimensões de vários metros e demonstrando que sua técnica pode ser usada no esquema rolo-a-rolo presente na indústria.
"O material tem aparência de couro e pode ser tão forte quanto o couro animal. Ele também oferece a possibilidade de ser colorido e padronizado, e não precisa de nenhum suporte ou material de sustentação," contou o professor Géza Szilvay.
Produção do micélio
O couro sintético é produzido a partir do micélio, aquele emaranhado de minúsculos filamentos, chamados hifas, responsáveis por capturar os nutrientes que o fungo necessita para sobreviver.
Aumentar o volume de produção do micélio com os métodos atuais vinha sendo difícil porque o micélio é cultivado de forma bidimensional, ou plana, o que limita o tamanho das fibras e, por decorrência, do material final que se consegue produzir.
A técnica desenvolvida pela equipe permite cultivar o micélio em grandes recipientes chamados biorreatores, onde o fungo pode crescer em 3D. Outros benefícios dessa técnica são que a fermentação líquida em biorreatores é facilmente escalonável para escalas comerciais e uma tecnologia de fermentação semelhante já é amplamente usada nas indústrias alimentícia, química e farmacêutica.
Dispondo dessa matéria-prima de maiores dimensões, a equipe já construiu uma planta-piloto na Universidade, onde o couro biossintético está sendo produzido em dimensões de dezenas de metros. E os produtos resultantes já estão sendo usados para testar a nova alternativa ao couro em bolsas, calçados e acessórios.
Esses testes serão importantes para avaliar a resistência do couro de fungos ao desgaste pelo uso normal de peças de vestuário, o que é necessário para sua adoção industrial.