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Informática

O computador como parceiro: vem aí a interação ampliada

Baseado em artigo de Margaret Burnett - 12/11/2009

O computador como parceiro: vem aí a interação aprimorada
Tela do Whyline, uma ferramenta de debug que permite aos programadores a inserção de questões sobre a saída apresentada pelos seus programas.
[Imagem: Margaret Burnett]

Trabalhar com humanos

"Eu adoro trabalhar com humanos e tenho relações muito estimulantes com eles." As palavras são do computador HAL 9000. No filme 2010, o computador é novamente responsável por controlar a nave que tenta esclarecer o que deu errado na missão de 2001: Uma Odisseia no Espaço.

A menos de dois meses de 2010, parece que a ficção está bem à frente da realidade. Mas pesquisadores da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, parecem dispostos a tirar um pouco desse atraso.

Interação aprimorada

Os cientistas estão desenvolvendo o conceito de "interação ampliada," segundo a qual os computadores terão "vontade" de se comunicar com os humanos, aprender com eles e conhecer cada usuário como um indivíduo, com seus gostos e preferências.

Por trás dessa interação humano-computador mais cheia de significados está um dos últimos avanços no campo do aprendizado de máquina e da inteligência artificial.

A ideia é que o computador não se limite a aprender a partir de seus erros e de sua experiência - ele deverá ouvir o usuário e tentar combinar o que ele "ouve" com suas próprias "computações" internas para alterar seus programas de forma a completar suas tarefas de forma mais eficiente e mais agradável aos usuários.

Como falar com o computador

O desafio começa com a constatação de que "falar" com um computador - algo como dar-lhe um feedback - está longe de ser uma tarefa trivial.

Por isso, os pesquisadores estão se concentrando no desenvolvimento de ferramentas que permitam que um usuário não-especializado seja capaz de explicar diretamente ao computador qual falha ele, o computador, cometeu e por quê.

"Há limites para o que o computador pode fazer com base unicamente em suas observações e no aprendizado a partir de tarefas similares executadas anteriormente," explica a Dra. Margaret Burnett. "O computador precisa entender não apenas o que ele fez certo ou errado, mas por quê. E, para isso, ele precisa interagir com os humanos e efetuar alterações contínuas em sua própria programação, com base nos feedbacks que receber."

Além das respostas binárias

Um sistema no qual o computador aprende pela experiência é o filtro de mensagens indesejadas (spam) dos leitores de email. Os sistemas das lojas virtuais, que tentam recomendar produtos ao internauta com base nas suas compras anteriores e nos produtos que ele procura também funciona assim.

Esses sistemas funcionam com base em vários tipos de lógica, que incluem a estatística de palavras, regras de configuração, similaridades etc. Mas mesmo os sistemas mais avançados somente permitem que o usuário diga ao computador se ele está certo ou errado - esta mensagem é spam ou não é spam, tenho ou não interesse nesse produto, por exemplo.

Os programas não possuem sofisticação suficiente para que o usuário responda qualquer coisa parecida como "mais ou menos," "agora não," ou que simplesmente dê uma razão para o erro de avaliação do sistema.

"Em casos assim, nós queremos desenvolver algoritmos que permitam ao usuário perguntar ao computador porque ele fez algo, ler sua resposta e então explicar a ele as razões do erro," explica Weng-Keen Wong, outro membro da equipe. "Isso é como debugar um programa. Idealmente, o computador irá levar a resposta em conta e mudar sua programação para fazer melhor no futuro."

Personalização das interfaces

O mesmo enfoque está sendo adotado na personalização da interface do computador. Os sistemas operacionais apresentam sua interface de acordo com o usuário que logou em cada máquina, mas cada usuário deve alterar manualmente sua interface se quiser que ela atenda às suas necessidades.

"Cada um de nós tem experiências de vida muito particulares, preferências pessoais, formas de fazer as coisas, diferentes tipos de trabalho," diz Burnett. "Para que o aprendizado de máquina atinja todo o seu potencial, o computador e o usuário deverão interagir de forma muito mais significativa."

O maior desafio que os cientistas da computação estão encontrando é a criação de sistemas interativos que sejam fáceis de operar. Afinal, seu objetivo é que os novos sistemas sejam usados por usuários comuns, e não por programadores de computador.

Livrando-se dos professores ruins

Outro detalhe mencionado pelos pesquisadores é que os humanos nem sempre são os mestres. Em um estudo encerrado recentemente, os usuários discordaram de algo que o computador havia feito em 28% das vezes. Em cerca de um quarto desses casos, o computador estava de fato certo e o usuário estava errado.

Isso complica ainda mais as coisas, uma vez que o aprendizado precisa ser uma via de mão-dupla - um usuário teimoso pode simplesmente querer que o computador aprenda algo que está de fato errado, o que não resultará em benefícios para nenhum deles.

Computadores mais úteis

A era dos humanos como observadores passivos no campo da inteligência artificial, afirmam os cientistas, pode estar chegando ao fim.

"No futuro, nós acreditamos que os computadores deverão funcionar como um parceiro," afirma Burnett. "Você ajudará a ensiná-lo, ele aprenderá a conhecê-los, vocês aprenderão um do outro e, desta forma, o computador se tornará mais útil."

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