Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/10/2023
O sobrevivente improvável
O planeta Baekdu, ou Halla, (Ursa Menor 8b) está em um lugar onde nenhum planeta gostaria de estar: Ele orbita uma estrela a cerca de 530 anos-luz de distância, uma gigante vermelha inchada, que tudo indica ter-se expandido além da órbita do planeta, engolindo-o totalmente, e depois encolhendo de novo, até alcançar seu tamanho atual (ainda gigante).
Em outras palavras, a estrela teria engolido e destruído qualquer planeta que orbitasse próximo dela. No entanto, o planeta Halla continua lá, em uma órbita estável e quase circular.
A descoberta desta situação aparentemente impossível foi feita graças a medições precisas do telescópio caçador de exoplanetas TESS, que revelam que a formação e a destruição de planetas são provavelmente muito mais complexas e imprevisíveis do que os cientistas acreditavam.
À medida que estrelas como o nosso Sol se aproximam do fim das suas vidas, elas começam a esgotar o seu combustível nuclear, tornando-se gigantes vermelhas, expandindo-se até seu tamanho máximo. Se esta teoria está correta, a estrela Ursa Menor 8 teria crescido para fora do seu centro até 0,7 unidade astronômica, engolindo e destruindo quaisquer planetas próximos em órbita. Mas tudo indica que a estrela já inchou, já encolheu, e seu planeta b, um grande mundo gasoso que se situa a apenas 0,5 unidade astronômica, ainda está lá.
Duas possibilidades
Depois de analisar os dados do telescópio TESS, Marc Hon e seus colegas da Universidade do Havaí, propõem duas outras possibilidades para explicar a realidade: O planeta pode na verdade ser o sobrevivente de uma fusão entre duas estrelas, ou é um planeta recém-nascido, formado a partir dos detritos deixados por essa fusão.
O primeiro cenário começa com duas estrelas mais ou menos do tamanho do nosso Sol, em órbitas próximas uma da outra, com o planeta orbitando ambas. Uma das estrelas "evolui" um pouco mais rápido do que a outra, passando pela sua fase de gigante vermelha, eliminando as suas camadas exteriores e transformando-se numa anã branca, o pequeno mas massivo remanescente de uma estrela. A outra chega ao estágio de gigante vermelha antes de colidir com sua irmã; o que resta é a gigante vermelha que vemos hoje. Esta fusão, no entanto, impede a gigante vermelha de se expandir ainda mais, poupando o planeta em órbita da destruição.
No segundo cenário, a fusão violenta das duas estrelas ejeta uma abundância de poeira e gás, que forma um disco em torno da gigante vermelha remanescente. Esse disco protoplanetário fornece a matéria-prima para a coalescência de um novo planeta. É uma espécie de segunda vida em estágio avançado para um sistema planetário - embora a estrela ainda esteja chegando ao fim de sua vida.