Com informações da BBC - 24/04/2013
Se o problema do excesso de detritos no espaço não for resolvido, algumas órbitas de satélites ficarão extremamente perigosas nos próximos 200 anos.
Um novo estudo, realizado a pedido do Comitê de Coordenação de Agências para Destroços Espaciais (IADC, na sigla em inglês), afirma que esta é uma previsão otimista, pois o problema poderá ser bem mais grave.
Os pesquisadores preveem a ocorrência de uma colisão a cada período entre cinco e nove anos em altitudes usadas principalmente para observar a Terra.
O estudo analisou sobretudo as órbitas baixas da Terra (a menos de 2 mil quilômetros de altitude). Esta área é onde operam a maioria das missões que enviam dados de observação da Terra.
O último relatório sobre lixo espacial, divulgado pela NASA no início de Abril, afirma que o número de objetos de origem humana em órbita da Terra passou de 16.686, em janeiro deste ano, para 16.649 agora.
São 3.588 sondas e satélites espaciais, ativos ou fora do serviço, e 13.061 detritos, considerados lixo espacial.
Estes números incluem apenas os objetos mais fáceis de serem vistos. O número de objetos menores, movendo-se sem serem vistos, é estimado em 500 mil, com tamanhos de variam entre um e dez centímetros. O número de partículas com menos de um centímetro pode ser de dezenas de milhões.
Todo este material está viajando a vários quilômetros por segundo, velocidade suficiente até para o menor fragmento causar danos se acertar uma missão espacial.
Colisões do lixo espacial
Todos os seis modelos criados pelos grupos das diversas agências espaciais que compõem o IADC chegaram a conclusões semelhantes - de que haverá um aumento constante do número de objetos de dez centímetros ou maiores em um período de 200 anos.
Este crescimento foi gerado principalmente pelas colisões entre objetos em altitudes entre 700 e mil quilômetros.
A projeção mais baixa foi de um aumento de 19% nas colisões, e a previsão mais alta foi de um aumento que chega a 36%.
O trabalho de simulações e projeções partiu de pressupostos otimistas.
Um deles foi de que os países seguirão em pelo menos 90% a chamada "regra dos 25 anos", o limite imposto para que as agências espaciais do mundo retirem da órbita os equipamentos que já completaram suas missões.
Outro pressuposto é a de que não haverá mais explosões de tanques de combustíveis ou de pressão que ainda tenham combustível ou de baterias velhas, uma das causas do aumento de destroços no espaço.
No entanto, um dos pesquisadores afirmou que a realidade pode ser outra.
"Certamente ainda não alcançamos 90% de obediência à regra dos 25 anos e ainda vemos eventos de explosões, em média, três vezes por ano," explicou Hugh Lewis, que detalhou as descobertas da pesquisa na 6ª Conferência Europeia sobre Destroços Espaciais em Darmstadt, na Alemanha, na segunda-feira.
Captura de lixo espacial
Existem diversas propostas para limpar o lixo espacial que vem se acumulando ao redor da Terra.
Um dos conceitos, criado pelos britânicos, é de um arpão que seria disparado de uma distância curta contra o alvo a ser retirado.
"(...) Disparamos o arpão a mais de dez metros, o tipo de distância que esperamos cobrir em uma missão de retirada de destroços real", afirmou Jaime Reed, da agência Astrium UK. "Nosso arpão também tem agora absorção de choque para garantir que não penetre muito fundo dentro do satélite, e estamos disparando com corda. É um voo muito estável", acrescentou.
Outra proposta envolve o lançamento de satélites garis, como o suíço CleanSpace One e microssatélites equipados com motores para arrastar o lixo espacial de volta.
A NASA está testando a ideia de usar velas solares instaladas nos próprios satélites artificiais a serem lançados no futuro, mas também trabalha no desenvolvimento de raios tratores para eliminar o lixo já existente.
A proposta mais recente, e com maior possibilidade de implementação a curto prazo, envolve um canhão laser de alta potência, que geraria jatos de plasma ao redor do detrito espacial.
Esses jatos funcionariam como pequenos foguetes, desviando o detrito e fazendo-o reentrar na atmosfera, onde se queimaria.