Com informações do MCTI - 12/03/2014
A impressão tridimensional (3D) está se conjugando ao acesso à internet, ao software livre e ao design em uma filosofia que gera um ciclo tecnológico e econômico que se retroalimenta.
A avaliação é do pesquisador Jorge Vicente Lopes da Silva, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), que classifica como "vertiginoso" o ritmo desse avanço em todas as áreas.
"No movimento do design livre, ou projeto livre, você projeta um componente, peça, objeto ou seja lá o que for e o coloca na rede para que outros possam usá-lo e modificá-lo", explica ele.
"Isso potencializa enormemente o uso das impressoras 3D, criando um ciclo virtuoso de uso, geração de necessidades e novos designs livres. Daí nascem novos modelos negociais, empreendedorismo e facilidade de fazer negócios, novamente pela internet," avalia Jorge Vicente.
O pesquisador identifica a possibilidade de personalização das peças produzidas como um dos principais trunfos dessa novidade: "Essa já tem sido uma realidade, ainda cara, mas chegando ao consumidor final que pode pagar por ela", observa. "Creio que a maior centralidade não será uma área, mas a oferta de produtos em qualquer área altamente customizáveis e que atendam alguma necessidade ou desejo de um cliente."
Justamente por conta dessa adaptação às necessidades individuais, a impressão 3D tem como um dos principais segmentos beneficiados a tecnologia assistiva - aquela que facilita o dia a dia de pessoas com deficiência ou outra limitação.
Outra frente que o pesquisador destaca é a de produtos que não são de fabricação em massa e têm alto valor agregado, a exemplo de aviões militares e civis e satélites.
O CTI, localizado em Campinas (SP), usa a manufatura aditiva - nome técnico do processo - para apoiar cirurgias, testes industriais e trabalhos científicos.
Fábrica doméstica
O pesquisador observa que muitos consumidores já começam a adquirir impressoras 3D para uso pessoal, mas pondera que é necessária uma simplificação nos sistemas computacionais que as operam para essa nova geração do periférico de informática ganhar de vez espaço no cotidiano das pessoas.
"Já é possível comprar aqui, inclusive online, modelos de baixo custo. A operação e os materiais também não são caros, porém falta uma operação mais intuitiva", ressalva. "Nos Estados Unidos já é quase uma febre. Ainda está longe de haver uma em cada casa, mas não duvido que cheguemos lá."
Segundo Jorge Vicente, os modelos acessíveis apareceram com o advento do hardware livre.
Neste momento, estaríamos numa era equivalente à dos primeiros computadores pessoais. "Eram caríssimos, pouco potentes e de difícil uso, e muitos não tinham a ideia do que fazer com um deles. Hoje, estão em todos os lugares. No seu carro, no celular, televisores, até mesmo nos brinquedos. Por isso, o Brasil não pode perder essa onda como foi a da microeletrônica", defende.