Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/04/2021
Chuvas de ácido e de ferro
As gotas de chuva na Terra são feitas de água, mas as chuvas em nossos vizinhos do Sistema Solar têm precipitações feitas de materiais bem incomuns.
Em Vênus, por exemplo, chove ácido sulfúrico. Em Júpiter, chove granizo de hélio e amônia pastosa. Em Marte, neva dióxido de carbono, ou gelo seco. Em Titã, lua de Saturno, chove metano, ou gás natural liquefeito. E, em Netuno, os astrofísicos suspeitam que chova carbono puro, talvez até na forma de diamantes. E pode até haver "tempestades isoladas" de ferro ou quartzo em alguns planetas, se as condições forem adequadas.
Com tanta variedade, é de surpreender a conclusão a que chegaram Kaitlyn Loftus e Robin Wordsworth, da Universidade de Harvard, nos EUA, depois de simular condições atmosféricas como temperatura, pressão do ar, umidade relativa, distância da nuvem ao solo e a força da atração gravitacional do planeta.
Acontece que as gotas de chuva nesses planetas e luas são quase do tamanho das gotas de chuva na Terra, apesar de terem composições químicas diferentes e caírem em atmosferas muito diferentes.
Estes resultados ajudarão a melhorar as simulações das condições em outros planetas, já que a precipitação é um componente-chave no clima dos planetas e nos seus ciclos de nutrientes.
Modelar a chuva em um mundo distante também pode ajudar a interpretar as observações de atmosferas exoplanetárias feitas pelos futuros telescópios espaciais mais poderosos.
Tamanho das gotas de chuva
A física de como as gotículas líquidas se comportam enquanto caem das nuvens nas várias condições planetárias revelou que apenas gotículas dentro de uma faixa de tamanho limitada - entre cerca de um décimo de milímetro a vários milímetros de raio - conseguem atingir a superfície desses corpos rochosos como chuva.
Gotas de chuva com um raio menor do que cerca de um décimo de milímetro evaporam antes de chegarem à superfície, e gotas de chuva maiores do que alguns poucos milímetros de raio se quebram em gotas menores à medida que caem.
Esta é uma faixa de tamanho bastante estreita, visto que o volume das gotas de chuva aumenta cerca de um milhão de vezes durante sua formação dentro de uma nuvem.
Os resultados também mostram que o tamanho máximo das gotículas de líquido que caem como chuva é semelhante nas várias condições planetárias.
As gotas líquidas daqueles vários elementos devem variar entre cerca de metade a seis vezes o tamanho das gotas de chuva de água na Terra, dependendo da força da atração gravitacional do planeta - quanto mais forte a atração gravitacional, menor a gota de chuva.
"Há uma gama bastante pequena de tamanhos estáveis que essas gotas de chuva de diferentes composições podem ter; todas elas são fundamentalmente limitadas a ter aproximadamente o mesmo tamanho máximo," disse Loftus.