Ewerthon Tobace - BBC - 14/02/2011
Disputa oriental
O governo japonês divulgou hoje o balanço econômico de 2010 e confirmou a perda do posto de segunda maior economia mundial para a China.
De acordo com dados oficiais, o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão em 2010 ficou em US$ 5,474 trilhões. Já a China fechou o ano com um acumulado de US$ 5,8786 trilhões.
A queda nas exportações e no consumo interno, desencadeada pela recessão de 2008/2009, prejudicou o desempenho do Japão. Já a China teve um excelente desempenho no setor manufatureiro.
Segundo os dados divulgados pelo governo, a economia japonesa teve uma retração de 1,1% na taxa anualizada nos três últimos meses de 2010. O crescimento recuou 0,3% em relação ao trimestre anterior.
Foi a primeira vez, em quatro trimestres, que a economia registrou uma contração. Assim, o PIB anual teve uma expansão de 3,9%.
Confiança
O ritmo de recuperação do Japão foi lento demais para segurar a posição de segunda maior economia mundial, posto que o Japão ocupou por mais de 40 anos.
Mas o governo diz que o fato não abala a confiança dos japoneses.
"Não estamos competindo por rankings, mas trabalhando para melhorar a vida dos cidadãos", disse hoje Kaoru Yosano, ministro de Política Econômica à imprensa japonesa.
Ele acrescentou que o crescimento chinês é uma boa notícia não só para o Japão, mas para os vizinhos asiáticos. "Isso (o crescimento da China) pode ser a base de um desenvolvimento da economia regional, ou seja, da Ásia Oriental e do Sudeste", sugeriu.
A China é hoje o principal parceiro econômico do Japão. Empresas de eletrônicos como a Sony e fabricantes de carros como Honda e Toyota ganham cada vez mais espaço no gigante mercado chinês.
Rumo ao topo
O índice de crescimento da China gira em torno dos 10% há alguns anos. Se o ritmo continuar assim, analistas dizem que o país asiático tomará o posto dos Estados Unidos de líder mundial em aproximadamente uma década.
"É real dizer que, em dez anos, a China terá praticamente o mesmo tamanho da economia norte-americana", disse à BBC o consultor econômico Tom Miller, do GK Dragonomics.
Mas mesmo com tanto vigor, a China ainda tem muito para melhorar. "A maioria dos chineses ainda é pobre e há mais pessoas vivendo no campo do que nas cidades", lembra Miller.
"Um japonês de classe média é muito mais rico que um chinês de classe média", compara.
Realmente, hoje, a renda per capita dos japoneses continua bem à frente. Os chineses têm um ganho anual de cerca de US$ 3,6 mil, enquanto os japoneses contabilizam uma renda quase dez vezes maior.