Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/03/2023
Componente eletrônico para IA
Pesquisadores coreanos usaram os mesmos materiais semicondutores usados nas telas OLED (LEDs orgânicos) para fabricar um componente eletrônico que otimiza o processamento dos sistemas de inteligência artificial, tanto em termos de consumo de energia quanto em velocidade.
O material é conhecido na indústria como IGZO, um óxido de índio, gálio e zinco, largamente usado na eletrônica orgânica, incluindo as telas OLEDs e as células solares flexíveis.
Este composto compreende quatro átomos em uma proporção fixa de índio, gálio, zinco e oxigênio e possui excelente mobilidade de elétrons e propriedades de corrente de fuga, que o tornaram um substrato ideal para esses dispositivos.
Seongmin Park e seus colegas da Universidade Pohang de Ciência e Tecnologia usaram esse material para construir um circuito básico, formado por apenas dois transístores, que funciona como uma sinapse artificial, ideal para a computação neuromórfica, mas com um adicional crucial: Um nó intermediário de armazenamento.
Isto significa que este componente viabiliza uma computação na qual processamento e memória operam no mesmo componente, eliminando um dos maiores gargalos dos computadores atuais, nos quais a informação deve viajar constantemente, indo e vindo da memória para o processador.
Sinapse eletrônica
Sistemas de inteligência artificial, como o ChatGPT, baseiam-se em uma técnica chamada aprendizado profundo, que requer um extensivo treinamento do programa a partir de grandes repositórios de dados - essencialmente a internet inteira.
Os computadores atuais, baseados em uma arquitetura conhecida como Von Neumann, separam o armazenamento (memória) e a computação (processador) da informação, resultando em maior consumo de energia e atrasos significativos nos cálculos.
A equipe coreana acredita que o IGZO é o material ideal para viabilizar cálculos de IA porque ele gera componentes que podem ser produzidos em massa e fornecer uniformidade, durabilidade e precisão na computação. E os primeiros testes em sua sinapse artificial mostraram que o componente atende aos requisitos de velocidade esperados para essa nova arquitetura computacional.
Além disso, usar componentes sinápticos em um sistema de IA de larga escala exige que a corrente de saída desses neurotransistores seja a menor possível, e os pesquisadores confirmaram a possibilidade de utilizar isolantes de filme ultrafino dentro dos transistores de IGZO para controlar a corrente, cumprindo mais esse requisito.
Testes promissores
O transístor sináptico foi usado para construir circuitos em escala de protótipo que conseguiram treinar e classificar dados manuscritos com uma precisão muito alta, de mais de 98%, comprovando seu potencial.
"Nós utilizamos materiais já em produção em massa. Além disso, características de programação linear e simétrica foram obtidas através de uma nova estrutura usando dois transistores como um dispositivo sináptico. Assim, nosso desenvolvimento e aplicação bem-sucedidos dessa nova tecnologia de semicondutores de IA mostram um grande potencial para melhorar a eficiência e a precisão da IA," disse o professor Yoonyoung Chung, coordenador da equipe.