Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/06/2012
Espectro de raios gama
Em 2010, astrônomos descobriram que a Via Láctea possui duas bolhas gigantescas, projetando-se para baixo e para cima de seu centro.
Mas nem tudo foi visto naquela ocasião: há também os resquícios de jatos de raios gama projetando-se na mesma direção das bolhas, só que ligeiramente inclinados.
Os raios gama são a forma mais energética da luz.
E os astrônomos descobriram que, ao estudar esse resquício de emissão gama - que eles chamam de "emissão fantasma de raios gama" - é possível "ler" nessa radiação importantes informações sobre a história da nossa galáxia.
Núcleo ativo da galáxia
Em comparação com os bilhões de galáxias que os telescópios conseguem enxergar, nossa Via Láctea parece ser atipicamente calma - pelo menos até a trombada aparentemente inevitável com Andrômeda.
Galáxias mais ativas têm núcleos que brilham fortemente, alimentadas pelas emissões geradas quando os super buracos negros no seu centro engolem estrelas, poeira cósmica e gases.
Esses banquetes de buraco negro geralmente provocam emissões de jatos de raios gama extremamente potentes.
A Via Láctea também tem seu super buraco negro, só que ele parece estar bem saciado.
Mas o que os astrônomos descobriram é que a "emissão fantasma de raios gama" é uma pálida lembrança de dias bem mais turbulentos, e não muito distantes no passado.
"Essas emissões débeis são um espectro, como um fantasma, daquilo que existiu milhões de anos atrás," disse Mengu Su, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, um dos autores da descoberta.
"Eles reforçam o quadro de um núcleo galáctico ativo na Via Láctea até muito recentemente," acrescentou.
Jatos fantasmas
Os dois feixes, ou jatos, foram revelados por imagens do telescópio espacial Fermi, que possui o mais sensível detector de raios gama já lançado ao espaço.
Eles se estendem, partindo do centro da galáxia, até uma distância de 27.000 anos-luz, acima e abaixo do plano galáctico.
Enquanto as bolhas anteriormente descobertas alinham-se perpendicularmente ao eixo da galáxia, os jatos de raios gama têm uma inclinação de 15 graus.
Os astrônomos acreditam que isso possa ser resultado de uma inclinação do disco de acreção do buraco negro galáctico, uma espécie de "anel" de matéria que se estende além do horizonte de eventos, e que lhe serve de "alimento", permitindo que o buraco negro cresça.