Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/10/2020
Um centauro que virou cometa
No início deste ano, astrônomos detectaram o que parecia ser uma atividade proveniente do centauro 2014 OG392, um objeto planetário descoberto em 2014 no Cinturão de Kuiper, na fronteira do Sistema Solar.
Eles então desenvolveram um algoritmo de busca de banco de dados, para localizar imagens de arquivo do centauro, bem como empreenderam sua própria campanha observacional para acompanhar o objeto e certificar-se de que ele é realmente dinâmico.
"Nós desenvolvemos uma nova técnica que combina medições observacionais - por exemplo, cor e massa da poeira - com esforços de modelagem, para estimar características como a sublimação volátil do objeto e sua dinâmica orbital," contou Colin Chandler, da Universidade Nordeste do Arizona (EUA).
Além das imagens antigas encontradas nos bancos de dados, a equipe usou observações de três telescópios para se certificar de que o objeto realmente emite jatos de partículas para o espaço.
"Nós detectamos um coma de até 400.000 km emergindo do 2014 OG392 e nossa análise dos processos de sublimação e do tempo de vida dinâmica sugerem que dióxido de carbono e/ou amônia são os candidatos mais prováveis para causar atividade neste e em outros centauros ativos," disse Chandler.
De posse de todas as evidências, o centauro agora está sendo reclassificado como um cometa, e passará a ser conhecido como "C/2014 OG392 (PANSTARRS)" - Pan-STARRS é um projeto observacional no qual trabalha a equipe que fez a descoberta, que tem por objetivo mapear constantemente o céu em busca de objetos próximos que possam apresentar risco de colisão com a Terra.
O que são centauros
Centauros são planetas menores que se acredita terem-se originado no Cinturão de Kuiper, no Sistema Solar externo.
Eles às vezes têm características semelhantes às de cometas, como caudas e coma - nuvens de partículas de poeira e gás - embora orbitem em uma região entre Júpiter e Netuno, onde é muito frio para a água sublimar, ou passar diretamente de um sólido para um gás. Isto torna suas ejeções um enigma.
Apenas 18 centauros ativos foram descobertos desde 1927, e os astrônomos ainda sabem muito pouco sobre eles. Descobrir a atividade em centauros também é um desafio observacional porque eles têm brilho muito fraco, demoram muito tempo para se mover quando observados ao telescópio e porque são raros.