Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/10/2022
Realidade estendida
Equipes de mídias criativas das universidades de São Carlos (UFSCar) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) fizeram um mapeamento inédito das empresas que atuam no setor da chamada realidade estendida (RE, ou XR na sigla em inglês [eXtended Reality]).
Eles planejam agora deixar o Mapeamento do Ecossistema XR no Brasil disponível pela internet, para usuários e empreendedores buscarem opções de entretenimento e de investimento.
O termo realidade estendida foi cunhado como um conceito guarda-chuva para abarcar os campos da realidade virtual, realidade aumentada e realidade mista. Todas envolvem experiências de imersão, mediadas pela tecnologia, que combinam elementos reais e virtuais, assim como as interações humano-máquina.
O mapeamento mostra que há 138 empresas no Brasil pertencentes à cadeia produtiva da indústria criativa, sendo que cerca de 70% (96 empresas) já trabalha com RE. Elas estão concentradas principalmente nas cidades de São Paulo (35) e Rio de Janeiro (19).
A maioria se enquadra na categoria de microempresa (40,58%) e de microempreendedores individuais (20,57%), com grande parte estando incubadas em universidades, centros de pesquisa e arranjos produtivos locais de inovação.
"A gente tem capacidade, tem técnica. A vantagem [dessa tecnologia] é que ela vai nos colocar de fato no caminho da indústria 4.0," disse a professora Inês Maciel, da UFRJ.
Aplicações da realidade estendida
A tecnologia RE tem diversas possibilidades de uso, que vão desde o cinema até a capacitação profissional e o monitoramento à distância de ambientes.
"Essa tecnologia proporciona a sensação de presença na situação imersiva. Essa sensação fica registrada no cérebro como memória vivida. Se fica registrada dessa forma, você aprende mais rápido, é como se estivesse aprendendo na prática," disse Inês.
Como exemplos, a pesquisadora cita as simulações de situações de risco, onde profissionais podem ser treinados primeiramente com a realidade virtual antes de ir a campo, o que reduz os custos da formação, e as empresas de agronegócio que fazem monitoramento por drones, onde a tecnologia permite acompanhar tudo à distância com óculos de realidade virtual, sem precisar ir até a fazenda.
Hora de investir
Segundo Inês, esta é uma tecnologia nova que está sendo pesquisada e desenvolvida no mundo inteiro, sendo este o momento para o Brasil investir na área e se inserir mundialmente: "É uma tecnologia que está nascendo, todo mundo está criando a partir do zero. É nessa hora que se consegue a liderança. Depois que a tecnologia está estabelecida não se consegue ser líder. Esse é o momento crucial, tem que investir agora."
A pesquisadora também aponta a necessidade de incentivos que levem a tecnologia para outras regiões do país, a fim de reduzir a concentração no eixo Rio-São Paulo e, assim, atender melhor às especificidades brasileiras.
Outra preocupação é com a evasão de mão de obra capacitada do país. "O potencial da XR brasileira é enorme, só que não se consegue ficar aqui. Quando começa a crescer, ganha asas e não tem mais como voar aqui. Tem que ir para fora. É como se tivéssemos um berçário de aviões," disse Inês.
O mapeamento deverá ser disponibilizado no endereço http://www.mapeamentoxr.net.