Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/09/2023
Carbono em Europa
Usando dados do telescópio espacial James Webb, astrônomos identificaram dióxido de carbono (CO2) em uma região específica da superfície gelada da lua Europa, de Júpiter.
A análise indica que esse carbono provavelmente se originou no oceano que se acredita existir abaixo da superfície da lua gelada, não podendo ter-se originado de meteoritos ou outras fontes externas. Além disso, o CO2 foi depositado em uma escala de tempo geologicamente recente, algo que tem implicações importantes para a potencial habitabilidade do oceano de Europa.
Esta lua de Júpiter é um dos poucos mundos do nosso Sistema Solar com elevado potencial de abrigar condições adequadas para a vida. Apesar disso, a prioridade da NASA é uma missão à lua Encélado, de Saturno.
Pesquisas anteriores mostraram que, sob a crosta de água gelada de Europa, existe um oceano salgado de água líquida com um fundo marinho rochoso. No entanto, ainda não sabemos se aquele oceano contém os produtos químicos necessários à vida, especialmente carbono.
"Na Terra, a vida gosta de diversidade química - quanto mais diversidade, melhor. Somos uma vida baseada em carbono. Compreender a química do oceano de Europa nos ajudará a determinar se ele é hostil à vida como a conhecemos, ou se pode ser um bom lugar para a vida," disse Geronimo Villanueva, do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA.
É aí que entra a importância deste estudo, que atesta que o dióxido de carbono tem origem no oceano de subsuperfície.
A NASA planeja lançar a sonda espacial Europa Clipper, que realizará dezenas de sobrevoos próximos à Europa para investigar se ela pode ter condições adequadas para a vida, em outubro de 2024.
Carbono recente
As imagens do telescópio Webb revelaram que, na superfície de Europa, o dióxido de carbono é mais abundante em uma região chamada Tara Regio, uma área geologicamente jovem de terreno conhecida como "terreno caótico". A superfície do gelo foi rompida e refeita, o que indica que pode ter havido uma troca de material entre o oceano subterrâneo e a superfície gelada.
"Observações anteriores do telescópio espacial Hubble mostram evidências de sal derivado do oceano em Tara Regio," explicou Samantha Trumbo, da Universidade de Cornell. "Agora estamos vendo que o dióxido de carbono também está fortemente concentrado ali. Achamos que isso implica que o carbono provavelmente tem sua origem final no oceano interno."
Como o dióxido de carbono não é estável na superfície de Europa, os cientistas afirmam que é provável que ele tenha sido fornecido em uma escala de tempo geologicamente recente - uma conclusão reforçada pela sua concentração em uma região de terreno jovem.