Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/07/2009
"O desempenho dessa câmera superavançada não tem equivalentes em nenhuma parte do mundo." Foi assim que o pesquisador Norbert Hubin, um dos responsáveis pela construção do maior telescópio europeu, apresentou o primeiro protótipo desse novo sensor óptico de altíssima velocidade.
O chip é capaz de fazer até 1.500 imagens por segundo, com alta qualidade, alta resolução e em condições de baixíssima luminosidade. O resultado é uma câmera filmadora capaz de detectar corpos celestes com brilho extremamente tênue, podendo equipar uma nova geração de telescópios terrestres de alta capacidade.
Fotografando exoplanetas
Batizada de Ocam, a câmera será parte do instrumento científico Sphere, que será instalado em 2011 no telescópio europeu VLT (Very Large Telescope), com o objetivo de capturar imagens de exoplanetas gigantes orbitando estrelas na vizinhança do Sistema Solar.
Por causa das imperfeições físicas de qualquer componente eletrônico, o sensor CCD das filmadoras e câmeras digitais tradicionais sofrem de um problema conhecido como ruído de leitura, que limita a sua velocidade e a qualidade das imagens geradas.
O CCD-220, que equipa a nova câmera, possui um ruído de leitura 10 vezes menor do que os atuais sensores de imagem do VLT, o que significará um upgrade do telescópio equivalente à construção de um telescópio totalmente novo.
Sistemas de óptica adaptativa
Câmeras de alta velocidade são essenciais para compor os sistemas de óptica adaptativa que equipam os telescópios mais modernos. O telescópios instalados no solo sofrem interferência da atmosfera terrestre, o que faz com que suas imagens sejam borradas em relação às imagens captadas pelos telescópios espaciais.
É essa turbulência que faz as estrelas piscarem quando olhamos para elas a olho nu. Embora represente um deleite para os poetas, o efeito causa verdadeiro desespero nos astrônomos, que perdem detalhes preciosos das imagens.
As técnicas de óptica adaptativa oferecem uma solução para o problema, efetuando correções computadorizadas das imagens em tempo real. Contudo, para que se possa tirar o máximo dessas técnicas, é necessário ter o maior número possível de "amostragens", ou imagens captadas do mesmo objeto.
É por isto que é tão importante contar com uma câmera de alta velocidade, capaz de capturar milhares de imagens por segundo. Os equipamentos de óptica adaptativa mais modernos conseguem fazer correções numa taxa superior a 1.000 vezes por segundo. A Ocam captura até 1.500 quadros por segundo.