Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/12/2009
Erupções de raios gama
O modelo atualmente aceito pela comunidade científica propõe que o plasma aquecido por neutrinos no disco de matéria que se forma ao redor de um buraco negro está na origem das erupções de raios gama, feixes monumentais de radiação de altíssima energia que volta e meia chegam até a Terra.
Esses flashes contêm radiação similar à radiação emitida pela explosão de armas nucleares - felizmente a atmosfera terrestre a absorve inteiramente, nunca atingindo o solo, o que fez com que elas somente fossem descobertas por telescópios espaciais.
Engolidores de estrelas
Mas o professor Serguei Komissarov, da Universidade de Leeds, na Inglaterra, não apenas não acredita que esse modelo explique bem a realidade, como acha que esses jatos cósmicos de alta energia têm uma origem bem mais dramática.
Segundo ele, as erupções de raios gama vêm diretamente dos buracos negros, quando eles avançam em direção às estrelas vizinhas e as engolem.
Para elaborar sua teoria, Komissarov baseou-se em dados coletados pelo observatório espacial Swift, que indicam que a fonte central do jato de radiação opera por até 10.000 segundos - muito mais do que o modelo baseado em neutrinos consegue explicar.
O matemático acredita que esta é uma evidência para a origem eletromagnética das erupções de raios gama, ou seja, os jatos de radiação viriam diretamente de um buraco negro em alta rotação e seria o estresse magnético causado por esta rotação que focaria e aceleraria o fluxo de radiação.
Para que o mecanismo previsto pela "teoria dos neutrinos" faça sentido, a estrela que está colapsando deveria estar girando extremamente rápido, o que aumentaria a duração do próprio colapso estelar, conforme a gravidade sofresse a oposição da fortíssima força centrífuga.
Parasitas cósmicos
Uma explicação alternativa, particularmente peculiar, envolve não uma estrela que está entrando em colapso, mas uma estrela invadida por buraco negro que componha com ela um sistema binário.
O buraco negro age como um parasita, mergulhando em direção à estrela normal, girando-a com sua fortíssima força gravitacional enquanto avança em direção ao centro da estrela, devorando-a de dentro para fora.
"O modelo de neutrinos não consegue explicar as erupções de raios gama particularmente longas e nem as observações do Swift, uma vez que a velocidade na qual o buraco negro engole a estrela cai rapidamente. Mas o mecanismo magnético explica as duas situações," diz Komissarov.
"Nosso conhecimento sobre a quantidade de matéria que se junta ao redor de um buraco negro e a velocidade de rotação da estrela nos permitem calcular qual será a duração das erupções de raios gama - e os resultados se correlacionam muito bem com as observações dos telescópios," acrescenta ele.