Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/12/2010
O Brasil deverá assinar nesta quarta-feira (29) um termo formal de adesão ao Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês - European Southern Observatory).
A cerimônia será às 18 horas, no Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília, e deverão assinar o documento o Ministro Sérgio Rezende e o o diretor-geral ESO, Tim de Zeeuw.
Plano Nacional de Astronomia
O acordo atende a uma das recomendações da Comissão Especial de Astronomia, responsável pela elaboração do Plano Nacional de Astronomia, que pretende inserir a comunidade astronômica brasileira nas pesquisas de ponta na área em âmbito mundial.
Os pesquisadores acreditam que a astronomia brasileira terá maior dinamismo ao conseguir acesso aos mais modernos equipamentos de pesquisa astronômica e participar ativamente de grandes projetos de infraestrutura observacional.
O acordo dará acesso aos cientistas brasileiros aos grandes telescópios do ESO, incluindo o GMT (Giant Magellan Telescope), TMT (Thirty Meter Telescope) e ao futuro E-ELT (European Extremely Large Telescope), que será o maior telescópio do mundo.
O Observatório Europeu do Sul já demonstrou interesse no ingresso de novos membros para ajudar a financiar o futuro superobservatório, que terá 42 metros de abertura e deverá ser inaugurado dentro de 10 anos.
Outra grande vantagem do acordo é comercial, já que empresas brasileiras passam a poder disputarem as licitações ligadas à instituição.
ESO
O Observatório Europeu do Sul é uma associação de 14 países europeus, regida por uma convenção, e uma das mais bem-sucedidas organizações intergovernamentais da Europa.
Os outros países associados são: Áustria, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.
A entidade opera as instalações astronômicas mais produtivas do mundo, fornecendo infraestrutura observacional de ponta para os astrônomos dos países membros.
Com orçamento anual de 135 milhões de euros, o ESO emprega cerca de 700 pessoas.
Por meio da construção e operação do conjunto de telescópios de solo mais poderosos da Terra, localizados no Chile, a entidade oferece à indústria de seus países membros numerosas oportunidades de participação no desenvolvimento de alta tecnologia em óptica fina, automação, controle e desenvolvimento de produtos de alto valor agregado.
Com o acordo, as empresas brasileiras podem ser especialmente favorecidas em virtude de sua proximidade geográfica com o Chile.
Pechincha
A entrada do Brasil no consórcio custará cerca de 250 milhões de euros (equivalente a quase R$ 555 milhões), desembolsados ao longo de 11 anos.
O Brasil ficou isento de uma contribuição adicional que está sendo imposta aos outros membros. Outra vantagem foi o abatimento da anuidade a ser paga pelo país como membro do consórcio. Normalmente o ESO usa o Produto Interno Bruto (PIB) de cada país como critério para determinar quanto é preciso pagar.
O governo brasileiro mostrou que a riqueza nacional não guarda a mesma proporção que a dos outros países do grupo quando se leva em conta a divisão per capita e o fato de que a comunidade astronômica brasileira não é tão numerosa.
Como resultado dessa negociação, o ESO decidiu promover um aumento gradual da anuidade brasileira. Em 2012, por exemplo, o País pagará 25% do valor calculado com base no PIB. A porcentagem vai subindo até chegar aos 100% em 2021.