Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/02/2022
Esferas de vidro na Lua
Ao examinar imagens tiradas pela câmera panorâmica do rover chinês Yutu-2, que chegou à Lua em 2019, cientistas descobriram várias pequenas esferas de vidro, parecidas com bolinhas de gude.
Algumas dessas "pérolas lunares" são praticamente transparentes, enquanto outras são translúcidas e algumas em formato de haltere - a cor predominante é um acastanhado.
Glóbulos de vidro nessas dimensões, de alguns centímetros de diâmetro, nunca haviam sido encontrados na Lua antes. "Os glóbulos simplesmente nos surpreenderam, já que são tão únicos na Lua," disse o professor Zhiyong Xiao, da Universidade Sun Yat-sen, na China.
Xiao estava estudando tectitos e microtectitos, pequenas rochas de vidro que aqui na Terra geralmente são produzidas por eventos de impacto de meteoritos. Também já se sabia da existência de esférulas de vidro microscópicas na Lua, mas ninguém esperava encontrar glóbulos de vidro na região de pouso da nave Chang'E-4.
Glóbulos vítreos de até um centímetro de diâmetro foram coletados pelos astronautas da Apolo, mas eles são basicamente escuros e opacos, como os tectitos da Terra.
As bolinhas de gude agora encontradas são acastanhadas e com elevado nível de transparência.
Vidros para construção na Lua
Com base na cor, morfologia, geometria e possíveis idades das pequenas rochas, a equipe afirma que os glóbulos vítreos lunares também são bem consistentes com vidros de impacto, provenientes de materiais pobres em ferro, como anortositos puros, um tipo de rocha magmática clara, muito rara na Terra, mas abundante na Lua.
"É um pouco lamentável que, quando encontramos esses vidros pela primeira vez, o rover tinha acabado de passar por eles e nenhum dado de composição foi obtido, mas esses glóbulos podem ser bastante comuns no lado oculto lunar," disse Xiao.
Levando em conta as possíveis velocidades de "pouso" dos glóbulos sobre o regolito lunar, a equipe calcula que eles podem ter surgido em algumas das várias crateras nas proximidades, já que a litologia da região consiste em anortositos puros, e o derretimento de alta energia é um produto comum em eventos típicos de impacto lunar.
A descoberta também é uma boa notícia para os futuros planos de exploração lunar, já que o material pode ser usado na construção de bases e proteções antirradiação.
"A primeira descoberta de glóbulos de vidro translúcidos de tamanho macro na Lua confirma que os anortositos lunares são excelentes matérias-primas para a fabricação de vidros com boa qualidade de absorção de luz. Além disso, no início da construção de bases humanas na Lua , os anortositos lunares poderão ser recursos promissores e difundidos para produzir vidros in-situ," disse Xiao.