Com informações da Coppe - 19/09/2013
Patentes de vários biofármacos consumidos no Brasil expiraram recentemente ou vão vencer entre 2014 e 2018, o que equivale a um mercado de US$ 45 bilhões.
Esse cenário, que à primeira vista indica uma boa perspectiva de negócios para os laboratórios brasileiros, revela, na verdade, um quadro preocupante.
Barreira tecnológica
Como não dominam a produção do princípio ativo dos biofármacos, empresas e instituições de pesquisa nacionais que atuam no setor biofarmacêutico têm pela frente o desafio de desenvolver tecnologia para que o Brasil possa produzir esse tipo de medicamento, cujo princípio ativo é obtido a partir de células vivas modificadas geneticamente.
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) apontam que o Brasil gasta cerca de R$ 4 bilhões por ano na importação desses produtos. Esse valor representa 32% dos gastos com medicamentos, embora os biofármacos representem apenas 3% das unidades adquiridas, o que demonstra a distorção provocada pelo seu alto custo.
De acordo com o chefe do Departamento de Produtos Químicos e Farmacêuticos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Palmeira, o fenômeno ocorrido após o vencimento das patentes dos medicamentos de referência, que estimulou a produção dos medicamentos genéricos, não se repetirá com os biofármacos, já que esses são produtos mais difíceis de copiar.
"Existe uma barreira tecnológica que precisa ser ultrapassada", afirmou Palmeira.
Segundo Pedro Palmeira, a área de biotecnologia é prioritária para o Brasil e por conta disso o BNDES não medirá esforços para apoiar projetos nesse segmento. Desde 2009, o Banco vem ampliando sua atuação no setor, de modo a viabilizar a estruturação de grupos nacionais.
A expectativa do BNDES é de que até 2017 ou 2018 o Brasil consiga produzir o seu primeiro fármaco biossimilar, ou seja, um medicamento biológico com eficácia e segurança comparáveis às do produto de referência.
Produção nacional de biofármacos
"O Brasil por muitos anos não investiu na área de biofármacos e tem hoje duas décadas de atraso nesta área. Esta realidade mudou bastante nos últimos anos e o nosso desafio agora é buscar esse desenvolvimento no menor tempo possível", afirmou a professora Leda Castilho, responsável pelo Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da UFRJ/Coppe.
Em parceria com a Hemobras, a equipe da Coppe está desenvolvendo tecnologia para produção de três biofármacos: dois destinados a pacientes com hemofilia e um para ser administrado em pessoas em tratamento quimioterápico. Os projetos contam com financiamento de R$ 7,2 milhões do BNDES.
Outras iniciativas também estão em andamento. A Bio-Manguinhos/Fiocruz está em processo de implantação de estrutura para produção de outros três biofármacos por meio de transferência de tecnologia adquirida de países como Cuba e Estados Unidos.