Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/01/2024
Bateria de hemoglobina
Pesquisadores espanhóis criaram uma bateria que utiliza hemoglobina para induzir as reações eletroquímicas geradoras de eletricidade, um "combustível" suficiente para que ela funcione por cerca de 20 a 30 dias.
A hemoglobina é uma proteína presente nos glóbulos vermelhos do sangue humano e é responsável por transportar o oxigênio dos pulmões para os diferentes tecidos do corpo (e depois transferir o dióxido de carbono no sentido inverso).
Essa grande afinidade da hemoglobina com o oxigênio inspirou Valentín Caballero e colegas da Universidade de Córdoba a criar um dispositivo eletroquímico no qual o oxigênio também desempenha um papel importante, como nas baterias zinco-ar.
As baterias de zinco-ar combinam o oxigênio atmosférico e o metal zinco em um eletrólito alcalino líquido, gerando eletricidade como um subproduto do óxido de zinco produzido na reação. Quando o processo é revertido durante a recarga, são produzidos novamente oxigênio e zinco.
O que a equipe descobriu é que a hemoglobina apresenta propriedades muito boas para o processo de redução e oxidação (redox), pelo qual a energia é gerada nesse tipo de sistema, o que permitiu que eles criassem a primeira bateria biocompatível (que não faz mal ao organismo) que utiliza hemoglobina na reação eletroquímica que transforma energia química em energia elétrica.
Reação de redução do oxigênio
Basicamente, a biobateria é uma bateria de zinco-ar na qual a hemoglobina funciona como um catalisador. Ou seja, a proteína é responsável por otimizar a reação eletroquímica, chamada de reação de redução de oxigênio, fazendo com que, após a entrada do ar na bateria, o oxigênio seja reduzido e transformado em água em uma das partes da bateria (o cátodo ou pólo positivo), liberando elétrons que passam para a outra parte da bateria (ânodo ou pólo negativo), onde ocorre a oxidação do zinco.
"Para ser um bom catalisador na reação de redução de oxigênio, o catalisador deve ter duas propriedades: Precisa absorver rapidamente moléculas de oxigênio e formar moléculas de água com relativa facilidade. E a hemoglobina atendeu a esses requisitos," disse o professor Manuel Luna.
Na verdade, através deste processo a equipe conseguiu fazer com que seu protótipo de bateria biocompatível funcionasse com 0,165 miligrama de hemoglobina por 20 a 30 dias.
"O uso da hemoglobina como catalisador biocompatível é bastante promissor no que diz respeito ao uso desse tipo de bateria em dispositivos integrados ao corpo humano, como marcapassos. Na verdade, a bateria opera em pH 7,4, que é um pH semelhante ao do sangue," disse Luna.
E esta biobateria ainda pode ser melhorada. A principal deficiência deste primeiro protótipo é que se trata de uma bateria primária, ou seja, de uso único, apenas descarregando a energia que gera. Para tentar criar uma versão recarregável, a equipe está agora procurando outra proteína biológica que consiga transformar água em oxigênio e, assim, recarregar a bateria.