Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/05/2012
Magnetismo bacteriano
Ter vírus e vermes no seu computador nunca é boa notícia, mas um disco rígido inspirado em bactérias pode ser algo bem diferente.
É o que garantem pesquisadores britânicos e japoneses, que usaram uma bactéria que ingere ferro para criar uma superfície magnética, comparável estruturalmente à camada de dados de um disco rígido.
Pelo nome do microrganismo, Magnetospirilllum magneticum, pode-se ver que bactérias e magnetismo juntos não são exatamente uma novidade - conforme a bactéria ingere o ferro, ela cria pequenos ímãs dentro de si mesma.
Dispensando a bactéria
A novidade é que os pesquisadores começaram a entender como as proteínas no interior das bactérias capturam, moldam e posicionam esses nanomagnetos dentro da célula bacteriana.
Agora, afirmam eles, já é possível replicar o mecanismo artificialmente, fora das bactérias.
E é aí que o processo passa a ser interessante de um ponto de vista prático, devido à possibilidade de fazer o processo sob controle.
O objetivo é, no futuro, usar uma abordagem "de baixo para cima" para criar componentes eletrônicos menores, mais eficientes, e sem usar os compostos químicos hoje utilizados nos processos de litografia.
Computador biológico
Johanna Galloway, da Universidade de Leeds, usou a proteína bacteriana para criar nanocristais de magnetita perfeitos.
A proteína foi colocada sobre uma superfície de ouro dotada de ranhuras, para dirigir a formação dos nano-ímãs. Quando a chapa foi mergulhada em uma solução de ferro, a 80°C, os nanocristais de magnetita formaram-se precisamente nas ranhuras.
Os pesquisadores agora vão tentar reduzir o tamanho das "ilhas" magnéticas, eventualmente produzindo nanomagnetos individuais - os "bits" são grandes em relação aos domínios magnéticos dos discos rígidos atuais, e ainda estão longe de atingir uma homogeneidade comparável.
A equipe também conseguiu produzir nanofios usando uma outra proteína bacteriana.
"É possível ajustar esses fios biológicos para que eles tenham uma resistência elétrica específica. No futuro eles poderão crescer conectados a outros componentes, como parte de um computador inteiramente biológico," prevê o Dr. Masayoshi Tanaka.