Ataque faz radares de carros autônomos alucinarem

Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/02/2024

Os testes foram feitos em veículos reais, em condições reais de tráfego.
[Imagem: David Hunt et al. (2024)]

Hackeando um radar

Engenheiros desenvolveram um sistema que consegue enganar os sensores de radar automotivos, fazendo-os acreditar que quase tudo é possível.

O programa, batizado de "MadRadar", algo como "radar louco", consegue ocultar a aproximação de um carro real, criar um carro fantasma onde não existe nenhum e até mesmo enganar o radar fazendo-o pensar que um carro real se desviou rapidamente do seu curso real.

E tudo é feito em um piscar de olhos, sem necessidade de qualquer conhecimento prévio sobre as configurações específicas do radar que está sendo atacado, tornando este o ataque mais poderoso já demonstrado até hoje a toda a tecnologia dos radares.

Os pesquisadores afirmam que o MadRadar mostra que os fabricantes devem começar imediatamente a tomar medidas para proteger melhor os seus produtos, sobretudo os radares usados em veículos autônomos ou com assistência de direção.

"Não estamos construindo esses sistemas para prejudicar ninguém, estamos demonstrando os problemas existentes com os sistemas de radar atuais para mostrar que precisamos mudar fundamentalmente a forma como os projetamos," disse o professor Miroslav Pajic, da Universidade Duke, nos EUA. "Sem saber muito sobre o sistema de radar do carro alvo, podemos fazer um veículo falso aparecer do nada ou fazer um veículo real desaparecer em experimentos do mundo real."

Cenários dos ataques: (a) aproximação; (b) inserção de veículo inexistente; (c) fazer carro desaparecer; (d) ataque de alteração de movimento.
[Imagem: David Hunt et al. (2024)]

Ataque aos radares

Nos carros mais modernos, que possuem sistemas de direção assistida e direção autônoma, o radar é normalmente usado para detectar veículos à frente e ao redor do veículo. Ele também ajuda a reforçar os sistemas visuais e baseados em laser para detectar veículos que trafegam no mesmo sentido.

Como muitos carros diferentes, de diferentes marcas, já usam sistemas de radar, é improvável que dois veículos tenham exatamente os mesmos parâmetros operacionais, mesmo os da mesma marca e modelo - por exemplo, eles podem usar frequências operacionais ligeiramente diferentes ou realizar medições em intervalos ligeiramente diferentes. Por causa disso, demonstrações anteriores de sistemas de falsificação de radar precisavam antes conhecer os parâmetros específicos usados no veículo, para então conseguir fazer o ataque e ameaçar a segurança do sistema.

Nesta nova demonstração, a equipe demonstrou que consegue detectar os parâmetros operacionais do radar em menos de 0,25 segundo. Feita essa detecção, o sistema pode começar a enviar seus próprios sinais de radar para enganar o radar do veículo alvejado.

Todos os ataques - fazer um carro desaparecer, inserir um carro inexistente e alterar o comportamento de um carro real - tiveram sucesso. Cada uma dessas demonstrações de ataque, enfatizam os pesquisadores, foi feita em sistemas de radar do mundo real em carros reais movendo-se em velocidades rodoviárias. É um feito impressionante, visto que, se os sinais de radar falsificados estiverem um microssegundo errado, o ponto de dados falso seria inserido incorretamente pelo comprimento de um campo de futebol.

"Essas lições vão muito além dos sistemas de radar nos carros," disse Pajic. "Se você deseja construir drones que possam explorar ambientes escuros, como em operações de busca e resgate ou reconhecimento, que não custam milhares de dólares, o radar é o caminho a tomar."

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