Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/09/2019
Água em exoplaneta
Astrônomos capturaram sinais de água, e potencialmente chuva, em um exoplaneta na zona habitável de sua estrela.
A superterra K2-18 b tem duas vezes o diâmetro da Terra, uma massa 10 vezes maior e está a 111 anos-luz de distância, na constelação do Leão. Esta é a primeira vez que se detecta água em uma superterra.
Já haviam sido detectados sinais de água em exoplanetas antes, mas a maioria gigantes gasosos, onde há pouca expectativa de encontrar qualquer tipo de vida similar à nossa.
Analisar a atmosfera de planetas menores é bem mais difícil. Duas equipes de astrônomos, do Canadá e do Reino Unido, precisaram analisar nove trânsitos do K2-18 b para verificar como a luz da estrela permeia a finíssima camada de atmosfera do exoplaneta.
Foi esta análise que revelou a existência de água, muita água.
Chuva em exoplaneta
Como a luz da estrela varia de cor conforme ela é filtrada pela atmosfera do planeta, os astrônomos concluíram que o efeito é resultado de vapor de água presente na atmosfera transformando-se em água em estado líquido - eles podem ter flagrado chuva de água ocorrendo no exoplaneta.
As equipes apresentaram três explicações possíveis para os dados, todas igualmente prováveis. No primeiro cenário, o planeta não tem nuvens e sua atmosfera tem entre 20% e 50% de água. No segundo e no terceiro cenários, que envolvem diferentes quantidades de nuvens e outras moléculas na atmosfera, a atmosfera do planeta contém entre 0,01% e 12,5% de água - o que torna a chuva uma possibilidade real.
Contudo, os astrônomos reconhecem que há poucas esperanças de que o K2-18 b seja um ambiente hospitaleiro para a vida como a conhecemos, devido à sua distância da estrela. E sua estrela é uma anã vermelha, o que significa que ele deve estar sujeita a uma chuva de radiação bem mais forte do que a que recebemos do Sol.
Em entrevista à revista Nature, a astrônoma Hannah Wakeford, da equipe do telescópio Hubble, lembra o caso de Vênus: É um planeta do tamanho da Terra, na zona habitável do nosso Sol e que já teve vapor de água na atmosfera - mas os raios do Sol arrancaram grande parte dessa água, deixando sua superfície estéril.
E, embora os dados atuais não sejam conclusivos, o mais provável é que o K2-18 b sequer tenha um núcleo rochoso, sendo principalmente gasoso, o que o tornaria mais parecido com Netuno do que com a Terra.