Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/05/2008
Matéria perdida
Cerca de 95% do Universo é formado por matéria escura e energia escura, nomes dados a "partículas" ainda por serem descobertas. A matéria ordinária compõe apenas 5% do Universo. E desses 5%, apenas metade foi encontrada pelos cientistas.
Agora, uma equipe de astrônomos holandeses e alemães descobriu uma parte dessa matéria perdida do Universo. Utilizando o telescópio de raios XMM-Newton, eles localizaram um filamento de gás quente conectando dois aglomerados de galáxias que pode ser parte da chamada matéria "bariônica".
A maior parte da composição do Universo é de natureza ainda desconhecida, o que fez com que os cientistas criassem os termos "matéria escura" e "energia escura". A energia escura contém 72% da energia total do Universo, enquanto 23% da quantidade total de energia/matéria é feita da chamada matéria escura. Essa matéria escura é formada por partículas pesadas que ainda estão por serem descobertas pelos físicos.
Matéria bariônica
Os restantes 5% do Universo são formados pela matéria comum, esta que conhecemos e forma nossos corpos, a Terra e todos os outros planetas e estrelas. Ela consiste de prótons e nêutrons - conhecidos como bárions - e de elétrons, os elementos básicos que formam os átomos.
Mas parte desses 5% de matéria bariônica também ainda não foi encontrada. As estrelas, galáxias e os gases já observados pelos astrônomos somam menos da metade da matéria bariônica que deve existir.
Teia cósmica
O filamento de gás encontrado pelos astrônomos tem temperaturas variando entre 100 mil e 10 milhões de graus Celsius e está localizado entre os aglomerados de galáxias Abel 222 e Abel 223. A existência desse meio intergalático foi previsto há mais de 10 anos, mas detectá-lo diretamente é muito difícil justamente pela sua altíssima temperatura e baixa densidade.
As observações agora feitas com o XMM-Newton mostram claramente uma "ponte" unindo os dois aglomerados de galáxias. O filamento de gás que os cientistas descobriram é provavelmente a parte mais quente e mais densa do difuso gás que preenche a teia cósmica, que também provavelmente é parte da matéria bariônica perdida.
A foto acima é resultado de uma superposição dos dados coletados com o XMM-Newton com uma fotografia óptica do mesmo ponto do Universo, feita com o Telescópio Subaru.