Com informações da BBC - 15/03/2010
Astronautas que já foram à Lua criticaram a decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciada no mês passado, de cancelar as missões Constellation que promoveriam a volta do homem ao satélite da Terra em 2020.
Em entrevista à BBC, Jim Lovell, o comandante da malfadada missão "Apollo 13" - que não conseguiu pousar na Lua por problemas técnicos - afirmou que a decisão de Obama vai ter "consequências catastróficas".
O último homem a pôr os pés na Lua, Eugene Cernan, classificou a decisão de "decepcionante".
Apollo 2.0
As missões Constellation tinham sido aprovadas pelo ex-presidente George W. Bush, mas Obama decidiu cancelá-las por considerar o projeto caro demais, "atrasado e pouco inovador".
A agência espacial americana, a Nasa, já tinha investido US$ 9 bilhões no projeto (cerca de R$ 15 bilhões), apesar de uma série de críticas de especialistas, que afirmavam que o caríssimo projeto não acrescentava nada ao Apollo e que inseria riscos novos.
Mesmo com o cancelamento do projeto Constellation, a Nasa não descarta o envio de astronautas à Lua "no futuro". Quando será esse futuro, porém, ninguém se arrisca a dizer.
Liderança moral
O astronauta Eugene Cernan, que tocou a Lua com a Apollo 17 em 1972, disse que na época não pensou que fosse virar o "último homem a pisar em solo lunar".
"Estou muito decepcionado por ainda ser o último homem na Lua. Pensei que fôssemos voltar lá muito antes", disse Cernan à BBC.
Para ele, a volta da Nasa ao satélite é uma responsabilidade para manter a liderança americana tanto na área tecnológica quanto moral.
Cernan diz se tratar de uma "busca por conhecimento". "A curiosidade é a essência da existência humana", disse à BBC.
Sem comentários
Opinião parecida com a do comandante Jim Lovell, que considera que "as consequências não foram avaliadas" pelo governo.
"Pessoalmente, acho que as consequências sobre a nossa capacidade de explorar o espaço e sobre as vantagens que podemos obter por causa da tecnologia espacial vão ser catastróficas", disse Lovell.
Já o primeiro homem a ir à Lua, o célebre Neil Armstrong, que pousou com a Apollo 11 em julho de 1969, evitou críticas à decisão de Barack Obama.
Mineração espacial
A China anunciou pretender enviar astronautas, ou taikonautas, à Lua nos próximos anos. E a NASA não parece nem um pouco interessado em uma nova corrida à Lua.
A agência norte-americana está voltando seus esforços para missões com retorno científico mais garantido do que uma mera ida ao nosso satélite sem propostas concretas de novas descobertas.
Especialistas indicam que a próxima "aventura humana" no espaço, financiada pela NASA, deverá ser o envio de astronautas para pousar em um asteroide.
Além das pesquisas sobre a origem do Sistema Solar e do Universo, os asteroides têm interesse pela ameaça que podem representar no caso de um impacto na Terra e pela sua composição rica em metais, que poderá viabilizar uma futura mineração espacial.