Com informações do ESO - 05/02/2014
Densidade de um asteroide
Asteroides não são pedregulhos sem graça e homogêneos como se acreditava - na verdade, pelo menos um deles tem uma estrutura interna bastante variada.
Astrônomos descobriram que partes diferentes do asteroide Itokawa têm densidades diferentes. O Itokawa foi o asteroide visitado pela sonda japonesa Hayabusa, pousando sobre ele em Novembro de 2005.
Descobrir o que se encontra no interior dos asteroides, além de revelar segredos sobre a sua formação, pode dar informações sobre a formação dos planetas e luas.
Com o auxílio de observações muito precisas obtidas com um telescópio do ESO, no Chile, Stephen Lowry e seus colegas da Universidade de Kent mediram agora a velocidade na qual o asteroide Itokawa gira e como essa taxa de rotação varia com o tempo.
Combinando estas observações com um trabalho teórico sobre como os asteroides irradiam calor e com o formato de amendoim do Itokawa, eles traçaram um mapa de densidade do asteroide.
Os resultados mostram que densidade do interior do asteroide varia de 1.750 a 2.850 quilogramas por metro cúbico (kg/m3) - para comparação, o granito tem uma densidade de 2.750 kg/m3, enquanto um solo comum tem uma densidade que varia entre 1.000 e 1.500 kg/m3.
Se os cálculos estiverem corretos, o asteroide Itokawa deve ter sido formado pela junção de dois corpos - esta é a explicação encampada pelos cientistas -, ou era um objeto maior que está sendo desgastado durante sua vida, o que parece razoável pela sua aparência de uma pedra que parece estar perdendo uma cobertura similar a um cascalho.
"Esta é a primeira vez que conseguimos determinar como é o interior de um asteroide", explica Lowry. "Podemos ver que o Itokawa tem uma estrutura extremamente variada - esta descoberta é um importante passo na nossa compreensão dos corpos rochosos do Sistema Solar".
Efeito YORP
A rotação de um asteroide e de outros pequenos corpos no espaço pode ser afetada pela luz solar, irradiada de volta como calor. Quando a forma do asteroide é muito irregular, o calor não é irradiado de modo homogêneo, o que cria no corpo um torque, pequeno mas contínuo, que muda a sua taxa de rotação - esse efeito é conhecido como YORP (iniciais dos autores da teoria: Yarkovsky-O'Keefe-Radzievskii-Paddack).
Os dados mostram que a rotação do Itokawa está acelerando 0,045 segundo por ano. Este resultado é muito diferente do esperado e a única explicação que os astrônomos encontraram é que as duas partes do Itokawa têm densidades diferentes.
"Descobrir que os asteroides não têm interiores homogêneos tem implicações importantes, particularmente para os modelos de formação de asteroides binários. Este resultado poderá igualmente ser aplicado em trabalhos que visam diminuir as colisões de asteroides com a Terra ou em planos para futuras viagens a estes corpos rochosos," concluiu Lowry.