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Informática

Arquitetura de Objetos Digitais pode melhorar gestão de informações

Com informações da Agência Fapesp - 23/10/2017


Arquitetura de Objetos Digitais

Robert Khan e Vinton Cerf foram os responsáveis pelo desenvolvimento dos protocolos de comunicação que são a base da internet - os famosos TCP/IP, sigla em inglês para Protocolos de Controle de Transmissão e Protocolo de Internet.

Agora, Khan está-se dedicando a um outro esforço que pode ter um resultado de impacto similar: melhorar os níveis de segurança e garantir a integridade dos dados na internet por meio de um sistema de gestão de informações.

A plataforma, denominada "Arquitetura de Objetos Digitais" (DOA, na sigla em inglês), tem como objetivo fazer uma espécie de cadastro das informações disponíveis em formato digital - as informações são os chamados objetos digitais - e conferir a elas um identificador exclusivo, de modo a assegurar sua localização e controlar o acesso e seu uso ao longo do tempo.

Desta forma, o link para um texto publicado na internet - como este artigo que você está lendo - não seria perdido com eventuais mudanças no endereço (URL) porque seu identificador estaria associado não a um endereço ou a um servidor, mas a um objeto digital. Com isso, o sistema seguiria sempre o objeto digital a que o link está vinculado, mesmo que em um novo endereço.

Gerenciar informações na internet

Idealizado originalmente para gerenciar o acesso a publicações, como livros ou filmes disponíveis na internet, o sistema também está sendo cogitado para ser usado para administrar a comunicação na Internet das Coisas - rede de objetos físicos, como eletrodomésticos, veículos e outros com tecnologia embarcada, além de sensores capazes de coletar e transmitir dados.

"A Arquitetura de Objetos Digitais é uma extensão lógica da internet para gerenciar informações em formato digital," disse Khan durante evento em São Paulo. "Ela reduz as barreiras para a construção de sistemas de informação, permite que programas interajam diretamente com objetos digitais ou parte deles e permite a interoperabilidade de objetos digitais, incluindo os gerados por diferentes organizações, entre outras vantagens."

Em sua apresentação, Khan contou que o sistema começou a ser concebido no final da década de 1980, quando ele e Cerf perceberam a necessidade de desenvolver um método para gerenciar informações na internet. Essa constatação levou-os a desenvolver a programação knowbot - knowledge robot, ou robôs de conhecimento, que se tornaram a base dos robôs que os mecanismos de busca usam para indexar as informações na internet.

"Alguns componentes de gerenciamento de informação da programação knowbot - como o componente identificador das informações - foram a base para a Arquitetura de Objetos Digitais," explicou Khan.

Paralelo à web

O desenvolvimento da Arquitetura de Objetos Digitais aconteceu paralelamente à web - ou WWW (World Wide Web) - por Tim Berners-Lee, do CERN.

Desde então, os dois sistemas têm sido amplamente utilizados. Contudo, a web obteve uma aceitação mais rápida, embora seja focada principalmente na gestão de informações públicas, apresente segurança limitada e garanta o acesso apenas a curto prazo.

Já a Arquitetura de Objetos Digitais foi projetada para habilitar tanto informações públicas como privadas - ou uma combinação das duas - e para ser gerenciada em um ambiente de rede por períodos de tempo potencialmente muito longos. "Qualquer informação em formato digital pode ser gerenciada de forma segura pela Arquitetura de Objetos Digitais," afirmou Khan.

A fim de garantir a segurança, o sistema é baseado em um regime de criptografia de chave pública (PKI, na sigla em inglês). Por esse sistema, o criador de um objeto digital tem a possibilidade de restringir o acesso a pessoas ou máquinas conhecidas pelo sistema como usuários habilitados por seus respectivos identificadores.

Se, por exemplo, os registros médicos de pacientes de um hospital estiverem estruturados como um objeto digital, o acesso a essas informações confidenciais pode ser limitado a usuários autorizados, com base em seus identificadores e sua capacidade de responder com precisão a um desafio proposto pelo PKI.

Em alguns casos, o acesso pode significar permissão para obter uma entidade digital na sua totalidade. Em outros casos, o acesso pode significar permissão para executar operações específicas em toda ou parte da entidade digital. "O sistema permite garantir a segurança integrada de um objeto digital por meio de chaves públicas", afirmou Khan.

O sistema desenvolvido por Khan recebeu o aval da União Internacional de Telecomunicações (UIT-T), a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para tecnologias da informação e comunicação.

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