Baseado em artigo de Gianluca Riccio - Futuro Prossimo - 12/06/2024
Universo ao contrário
Os mistérios da expansão do cosmos há muito desafiam a nossa compreensão do Universo. O modelo padrão, chamado Lambda-CDM (Λ-CDM) (CDM é a sigla em inglês para "matéria escura fria"), é baseado na existência da matéria escura e da energia escura, dois conceitos teóricos nunca observados diretamente.
E se a chave para desvendar estes enigmas estivesse escondida em uma ideia ainda mais ousada?
O professor Naman Kumar, pesquisador do Instituto Indiano de Tecnologia, está propondo agora um modelo revolucionário para eliminar essa dor de cabeça de dimensões cosmológicas, já que todos os esforços para detectar energia e matéria escuras falharam.
Para eliminar a necessidade de ambas, bastaria que nosso Universo fosse um par de um casal, conectado com um antiuniverso, um gêmeo cósmico cujo fluxo de tempo corre na direção oposta à do nosso.
Apesar de ser a nossa melhor hipótese para explicar a expansão e aceleração do Universo, o modelo Λ-CDM está cheio de questões sem resposta. A sua dependência de conceitos como matéria e energia escura, que nunca foram diretamente observados, torna-o vulnerável a críticas e dúvidas.
Estas lacunas na nossa compreensão levaram os pesquisadores a buscar explicações alternativas, teorias que não exigem a existência de entidades "obscuras" para explicar os fenômenos cósmicos observados, como a gravidade forte demais nas galáxias e a expansão do Universo.
A hipótese anti-universo
A hipótese de Kumar é no mínimo corajosa. Segundo o pesquisador, nosso Universo poderia fazer parte de um par emaranhado com um antiuniverso, um gêmeo cósmico cujo fluxo temporal corre na direção oposta.
Esta ideia, embora ousada, não é totalmente nova: Em 2018, cientistas do Instituto Perímetro de Física Teórica propuseram um conceito semelhante, sugerindo que o nosso Universo era uma imagem espelhada de um universo que flui para trás no tempo.
Então, o que o professor Kumar nos traz de novo?
Em seu trabalho, Kumar se baseia em conceitos emprestados da teoria quântica (entropia relativa) e relatividade geral (condição de energia zero) para demonstrar como o Universo aceleraria naturalmente na presença de um antiuniverso.
A entropia relativa, que requer dois estados, neste caso corresponderia ao Universo e ao seu antiuniverso "gêmeo". A aceleração da expansão pareceria, portanto, inevitável em universos criados aos pares, respeitando a condição de energia zero.
O desafio agora é idealizar um meio de confirmar a existência do antiuniverso.