Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/07/2009
Maior eclipse solar do século
Se você não está em algum lugar de um longo corredor que se estenderá do Tibete até o Oceano Pacífico, passando pela Índia e pela China, não terá outra chance de assistir a um eclipse solar tão longo quanto o que ocorrerá nesta quarta-feira, dia 22. Ele deverá começar às 06h23 da manhã, no horário local da Índia - 21h55 de terça-feira, no horário de Brasília.
Este será o maior eclipse solar do século 21. Outro semelhante só ocorrerá em 2132. Ele será grande também na audiência. Ao atingir dois dos países mais populosos do planeta, a Índia e a China, o eclipse solar será visto por cerca de 2 bilhões de pessoas.
Anomalia da gravidade durante um eclipse
Além de fomentar as especulações e as crenças de místicos e astrólogos, o eclipse solar será também uma oportunidade única para a ciência. Ele está oferecendo a oportunidade para testar uma teoria ainda controversa: a possibilidade de que a gravidade decaia ligeiramente durante um eclipse total.
Geofísicos da Academia Chinesa de Ciências muniram-se dos mais precisos instrumentos já feitos e os distribuíram ao longo de seis cidades do sudeste da China, com o objetivo de testar a hipótese da ocorrência de flutuações anômalas na gravidade da Terra.
"Parece algo que é realmente necessário para quebrar essa incerteza," disse Chris Duif, da universidade holandesa de Delft, à revista New Scientist. "Eu não estou convencido de que a anomalia exista, mas seria algo revolucionário se for comprovado que ela seja real."
Como a gravidade funciona
O primeiro sinal de que a gravidade flutua durante um eclipse foi detectado em 1954. O físico e economista francês Maurice Allais detectou um comportamento errático em um pêndulo durante um eclipse que pôde ser visto de Paris.
Os pêndulos normalmente balançam para um lado e para o outro pela ação da gravidade e da rotação da Terra. No início do eclipse, contudo, a direção do balanço do pêndulo mudou violentamente, sugerindo uma mudança repentina na atração gravitacional.
Essas flutuações têm sido medidas nos últimos 20 eclipses solares, mas os resultados continuam inconclusivos. A maioria da comunidade dos físicos duvida de sua existência, principalmente porque, se ela existir, irá se contrapor a todas as teorias atuais sobre como a gravidade funciona.
Gravímetros e pêndulos
Os cientistas chineses querem obter uma resposta definitiva. Para isto eles prepararam oito gravímetros e dois pêndulos e os colocaram em seis pontos de observação diferentes.
A equipe espera que a enorme distância entre os sensores - cerca de 3.000 quilômetros entre os mais distanciados - assim como a quantidade e a diversidade dos instrumentos, eliminem a chance de erros de leitura, assim como dos efeitos de fatores como distúrbios atmosféricos locais.
"Se nossos equipamentos funcionarem corretamente, eu acredito que temos uma chance de dizer se a anomalia é verdadeira acima de qualquer suspeita," disse Tang Keyun, geofísico da Academia Chinesa de Ciências.
A resposta à dúvida, que poderá exigir mudanças radicais em teorias consideradas como fundamentais na física, não será tirada imediatamente. Os cientistas afirmam que a interpretação de todos os dados coletados pelos seus instrumentos ultraprecisos poderá levar vários meses.
No local onde estão os instrumentos, o eclipse durará mais de cinco minutos. Em uma região desabitada ao longo do Oceano Pacífico ele chegará a durar seis minutos e 39 segundos, um recorde que só será batido em 2132.