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Meio ambiente

Rota biotecnológica contorna agricultura e produz amido de CO2

Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/10/2021

Amido é sintetizado diretamente do CO2, contornando a agricultura
Síntese do amido por uma via anabólica artificial a partir do CO2.
[Imagem: TIBCAS]

Amido feito de CO2

Cientistas chineses descobriram uma rota para a síntese artificial de amido a partir do dióxido de carbono (CO2).

Essa nova rota torna tecnicamente possível mudar o modo de produção de amido do plantio agrícola tradicional para a manufatura industrial, além de abrir uma nova rota química para sintetizar moléculas complexas usando o CO2.

O amido é o principal componente dos grãos e também uma importante matéria-prima industrial. Atualmente, ele é produzido principalmente por culturas como o milho, fixando CO2 por meio da fotossíntese. Este processo natural envolve cerca de 60 reações bioquímicas, bem como uma complexa regulação fisiológica, mas a eficiência teórica de conversão de energia do processo natural é de apenas cerca de 2%.

Cai Tao e seus colegas do Instituto Tianjin de Biotecnologia Industrial (TIB) projetaram um sistema sintético quimioenzimático para produzir o amido artificial consistindo em apenas 11 reações básicas.

Segundo a equipe, esta rota foi estabelecida por uma estratégia de "blocos de construção", na qual eles integraram módulos catalíticos químicos e biológicos para utilizar uma alta concentração de CO2 de uma forma biotecnologicamente inovadora.

Bioeconomia

A rota artificial pode produzir amido a partir do CO2 com uma eficiência 8,5 vezes maior do que a biossíntese do amido no milho, sugerindo um grande passo em direção a superar a eficiência dos processos naturais.

"De acordo com os parâmetros técnicos atuais, a produção anual de amido em um biorreator de um metro cúbico equivale teoricamente ao rendimento anual de amido de cultivar 1/3 hectare de milho, sem considerar o aporte de energia," contou Tao.

Como ganhos adicionais, essa rota biotecnológica também pode ajudar a evitar o impacto ambiental do uso de pesticidas e fertilizantes, melhorar a segurança alimentar, facilitar uma bioeconomia neutra em carbono e, eventualmente, promover a formação de uma sociedade sustentável de base biológica, defendem os pesquisadores.

Para que isto se torne realidade, contudo, a equipe precisa agora viabilizar economicamente a sua rota biotecnológica.

"Se o custo geral do processo puder ser reduzido a um nível economicamente comparável ao plantio agrícola no futuro, é de se esperar uma economia de mais de 90% da terra cultivada e dos recursos de água doce", disse o professor Yanhe Ma.

Bibliografia:

Artigo: Cell-free chemoenzymatic starch synthesis from carbon dioxide
Autores: Tao Cai, Hongbing Sun, Jing Qiao, Leilei Zhu, XFan Zhang, Jie Zhang, Zijing Tang, Xinlei Wei, Jiangang Yang, Qianqian Yuan, Wangyin Wang, Xue Yang, Huanyu Chu, Qian Wang, Chun You, XHongwu Ma, Yuanxia Sun, Yin Li, Can Li, Huifeng Jiang, Qinhong Wang, Yanhe Ma
Revista: Science
Vol.: 373, Issue 6562 - pp. 1523-1527
DOI: 10.1126/science.abh4049
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