Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/02/2023
Habitáculo inflável para a Lua
Financiada pela Agência Espacial Europeia (ESA), a fabricante austríaca de estufas PneumoCell apresentou o projeto final do seu conceito PneumoPlanet, um conjunto de habitáculos para astronautas e colonos que se aventurarem fora da Terra.
Apesar do "nome planetário", este projeto foi pensado especificamente para a Lua, com os módulos infláveis se encaixando nas crateras próximas aos polos lunares, onde a luz do Sol está quase permanentemente disponível.
Isto é essencial porque toda essa futura cidade lunar será alimentada por energia solar. O habitáculo foi projetado para operar de forma autossuficiente a longo prazo, produzindo e reciclando seu próprio oxigênio e usando exclusivamente a energia da irradiação solar.
Espelhos com sistemas de rastreamento da luz ficarão constantemente voltados em direção ao Sol, usando a luz visível para iluminar o interior dos habitáculos subterrâneos e a luz infravermelha para aquecimento.
No topo de cada casa lunar, uma torre metálica hiperbólica servirá de sustentação para uma membrana espelhada que refletirá a luz do Sol, que chega quase horizontalmente nos pólos, para o interior da cratera artificial.
A torre é giratória, instalada sobre um trilho magnético circular, girando para seguir a direção da luz do Sol. Para simular a noite, o espelho no alto da torre é simplesmente afastado da luz do Sol a cada ciclo noite/dia.
No interior do habitáculo, outro espelho em forma de cone direciona a luz do Sol para o interior do habitáculo, que tem o formato toroidal.
O uso de estruturas infláveis no espaço tem várias vantagens, incluindo o fato de elas serem ultraleves, barateando os custos de lançamento, e poderem ser pré-fabricadas na Terra.
Para proteção contra micrometeoritos e radiação cósmica, depois de inflados os habitáculos serão cobertos com uma camada de 4 a 5 metros de espessura de regolito, o poeirento solo lunar. Além da proteção física, essa barreira de solo servirá como isolamento térmico do frio congelante da Lua.
Dentro do projeto financiado pela ESA, a empresa também projetou uma escavadeira para coletar o regolito e recobrir as estruturas infláveis. Como o solo lunar é muito fofo, os projetistas optaram por uma escavadeira com pés, em vez de rodas ou esteiras, devido ao grande risco de atolamento.
A ideia inicial é construir 16 estufas, o que seria suficiente para manter uma tripulação permanente de 32 pessoas.
Além das moradias, haverá também estufas específicas para produção de alimentos.
Enquanto isso, estufas especificamente projetadas para funcionar como usinas, pegarão toda a luz e a dirigirão para painéis solares, que produzirão até 65 kW de eletricidade, o que corresponde a 265 watts por metro quadrado.
As torres serão as únicas partes visíveis de uma cidade lunar construída com o conceito PneumoPlanet; Tudo o mais ficará no subterrâneo, incluindo as interligações entre as diversas unidades, o que deverá minimizar os riscos para os moradores.
Isto pode ser um tanto frustrante para astronautas e candidatos a colonos sonhando em morar no espaço, já que não será muito diferente de viver em um prédio sem janelas, desfrutando apenas de uma gravidade menor.
Mas sempre há a expectativa de um passeio lá fora, embora isso vá exigir todos os cuidados tradicionais de uma caminhada espacial, incluindo vestir um traje adequado. Mas, claro, a melhor solução seria a inclusão no projeto de um habitáculo panorâmico, de onde pelo menos se possa ver a Terra.
Embora não haja um cronograma para que a cidade lunar inflável seja testada, o conceito parece ser mais simples e mais barato do que o caminho escolhido pela NASA, que recentemente anunciou um contrato com uma empreiteira para fazer obras na Lua usando impressão 3D.
A agência espacial norte-americana também não parece muito disposta a investir na energia solar em sua exploração lunar, já tendo anunciado projetos para construir usinas nucleares na Lua.