Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/09/2021
Roupa antichama confortável
Você não precisa ser um bombeiro para se dar conta de que usar aquelas roupas antichama grossas e pesadas não deve ser nada confortável - sem contar que elas tiram a mobilidade e a agilidade desses profissionais em situações sempre críticas.
Foi que isto que motivou o pesquisador Sabyasachi Gaan, dos Laboratórios Federais Suíços de Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA), a criar roupas antichama mais confortáveis.
Gaan criou tecidos de algodão resistentes ao fogo inserindo os retardantes de chamas dentro de uma rede física e quimicamente independente no interior das fibras naturais do algodão.
Esta abordagem retém as propriedades inerentemente positivas das fibras de algodão, incluindo o conforto, já que o algodão pode absorver quantidades consideráveis de água e manter um microclima favorável na pele.
O algodão resistente às chamas e lavável disponível hoje é produzido tratando o tecido com retardantes de chama à base de formaldeído - e o formaldeído é classificado como cancerígeno. Embora os tratamentos retardadores de chama à base de formaldeído sejam duráveis, eles têm desvantagens adicionais: Os grupos -OH da celulose são quimicamente bloqueados, o que reduz consideravelmente a capacidade do algodão de absorver água, o que resulta em um tecido desconfortável.
Antichamas à base de fósforo
Gaan começou trabalhando com retardadores de chama baseados na química do fósforo, que já são usados em muitas aplicações industriais. Agora ele conseguiu encontrar uma maneira fácil e elegante de ancorar o fósforo na forma de uma rede independente dentro do algodão.
A chave para isto é um composto de fósforo trifuncional (óxido de trivinilfosfina), que tem a capacidade de reagir apenas com moléculas especificamente adicionadas (compostos de nitrogênio, como a piperazina) para formar sua própria rede dentro do algodão. Isso torna o algodão permanentemente resistente ao fogo, sem bloquear os grupos -OH favoráveis. Além disso, a rede física resultante (óxido de fosfina) também gosta de água, mantendo a respirabilidade do tecido.
As redes formadas no interior do algodão antichama se mostraram incrivelmente resistentes: Após 50 lavagens em máquina, 95% da rede retardadora de chamas continuava presente no tecido. As nanopartículas de prata adicionadas pela equipe, para dar propriedades antimicrobianas ao tecido, também continuavam lá após os mesmos ciclos de lavagem.
O processo todo de fabricação do algodão antichama é compatível com os equipamentos utilizados pela indústria têxtil. "Cozinhar tecidos a vapor após o tingimento, impressão e acabamento são etapas normais na indústria têxtil. Portanto, não é necessário investimento adicional para aplicar nosso processo," afirmou Gaan.