Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/05/2021
Água em meteorito
Cientistas encontraram pela primeira vez pequenas bolsas de água em estado líquido no interior de meteoritos muito antigos, da época da formação do Sistema Solar.
Já haviam sido encontradas hidroxilas (radicais OH) e moléculas de compostos hidratados em meteoritos, mas água mesmo (H2O) é a primeira vez, uma descoberta marcante para a compreensão da formação do Sistema Solar.
Embora a origem da água da Terra seja um dos maiores enigmas da ciência, a água parece ser relativamente abundante em nosso Sistema Solar, já tendo sido detectados sinais de gelo na Lua, em cometas, nos anéis de Saturno, em Marte, sob a superfície da lua Encélado e até vestígios de vapor d'água na atmosfera escaldante de Vênus.
A demonstração que faltava foi encontrada agora na forma de "inclusões fluidas" dentro do meteorito Sutter's Mill, um condrito carbonáceo originário de um asteroide que se formou 4,6 bilhões de anos atrás.
Inclusões fluidas, pequenas bolsas de líquidos ou gases, são encontradas em inúmeros tipos de rochas na Terra, e são uma das principais ferramentas que os geólogos e climatologistas usam para estudar a formação dos minerais e o paleoclima.
Água com CO2
Akira Tsuchiyama e seus colegas da Universidade Ritsumeikan, no Japão, usaram técnicas avançadas de microscopia para examinar o interior de cristais de calcita (carbono de cálcio) no meteorito, localizando inclusões fluidas de água de dimensões minúsculas, na faixa dos nanômetros.
Outro dado interessante é que a água, que agora é líquida à temperatura ambiente da Terra, mas que era gelo no espaço, possui até 15% de dióxido de carbono dissolvido, o que tem implicações interessantes sobre as origens do asteroide-pai do meteorito e a história inicial do Sistema Solar.
A equipe levanta a hipótese de que as inclusões fluidas surgiram conforme o asteroide-pai se formava em um ambiente contendo pequenos blocos de gelo de água, já com o dióxido de carbono em seu interior.
Isso exigiria que o asteroide se formasse em uma parte do Sistema Solar fria o suficiente para que a água e o dióxido de carbono congelassem, e essas condições colocariam o local de formação bem longe da órbita da Terra, provavelmente além da órbita de Júpiter. O asteroide deve então ter sido transportado para as regiões internas do Sistema Solar, onde fragmentos viriam posteriormente colidir com a Terra.
Água da Terra
A suposição levantada pela equipe é consistente com estudos teóricos recentes da evolução do Sistema Solar, que sugerem que asteroides ricos em moléculas pequenas e voláteis - como água e dióxido de carbono - se formaram além da órbita de Júpiter antes de serem transportados para áreas mais próximas do Sol.
Por outro lado, esta hipótese tem dificuldades em explicar a vinda de toda a água existente na Terra, o que exigiria um volume descomunal de meteoritos e cometas, cada um contendo quantidades minúsculas de água, como a que agora foi encontrada. E alguns estudos estimam que a água da Terra é mais velha do que o Sol.