Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/04/2012
Esquecido
O Observatório de La Silla, no Chile, pertencente ao ESO (Observatório Europeu do Sul) revelou segredos do aglomerado estelar NGC 6604.
Este aglomerado é muitas vezes ignorado devido ao seu vizinho próximo e mais proeminente, a nebulosa da Águia.
No entanto, o enquadramento desta imagem, que coloca o aglomerado estelar no meio de uma paisagem de nuvens de gás e poeira, mostra como o NGC 6604 é, por si só, um objeto digno de nota.
Estrelas que formam estrelas
O NGC 6604 é o agrupamento brilhante de estrelas que se encontra no canto superior esquerdo da imagem. É um aglomerado estelar jovem que, na realidade, é a parte mais densa de uma associação mais dispersa que contém cerca de uma centena de estrelas azuis-esbranquiçadas.
Esta associação estelar chama-se Serpente OB. A primeira parte do nome refere-se à constelação na qual se encontra e as letras OB referem-se ao tipo espectral das estrelas que a compõem. O e B são as duas classificações estelares mais quentes e a maioria das estrelas destes tipos são estrelas azuis-esbranquiçadas, muito brilhantes e relativamente jovens.
As estrelas jovens quentes do aglomerado ajudam uma nova geração de estrelas a formar-se, ao coletarem numa região compacta a matéria-prima necessária à sua formação, devido aos seus fortes ventos estelares e intensa radiação.
Esta segunda geração de estrelas logo substituirá a geração mais antiga, pois embora as estrelas jovens mais brilhantes tenham mais massa, consomem também o seu combustível muito mais rapidamente e por isso vivem menos tempo.
A figura também mostra a nebulosa associada ao aglomerado, uma nuvem brilhante de gás hidrogênio chamada Sh2-54 - o nome Sh2-54 significa que o objeto é o quinquagésimo quatro do segundo catálogo Sharpless de regiões HII, publicado em 1959.
Chaminé gigante
O aglomerado NGC 6604 situa-se a cerca de 5.500 anos-luz de distância na constelação da Serpente. No céu ela está a cerca de dois graus a norte da Nebulosa da Águia. As estrelas brilhantes são facilmente observadas através de um pequeno telescópio e foram inicialmente catalogadas por William Herschel em 1784.
No entanto, a tênue nuvem de gás nunca foi detectada até os anos 1950, quando foi finalmente catalogada por Steward Sharpless.
Além da estética, existem outras razões para os astrônomos observarem NGC 6604, tais como a estranha coluna de gás quente ionizado que emana dele.
Colunas de gás quente semelhantes, que canalizam o material para fora dos aglomerados estelares jovens, foram igualmente encontradas em outros locais da Via Láctea e também em outras galáxias espirais. O exemplo do NGC 6604 encontra-se relativamente próximo e por isso permite aos astrônomos um estudo detalhado destas estruturas.
Esta coluna em particular (geralmente chamada uma "chaminé") é perpendicular ao plano galáctico e estende-se ao longo de incríveis 650 anos-luz.
Os astrônomos acreditam que as estrelas quentes no interior de NGC 6604 são as responsáveis pela formação da chaminé, embora estudos adicionais sejam necessários para compreender completamente estas estruturas incomuns.