Realidade um pouco menos virtual

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/09/2001

Os aficcionados da série Jornada nas Estrelas estão acostumados com o "Holodeck": pede-se ao computador um ambiente de qualquer parte do Universo, de qualquer época e pronto: pode-se viver naquele mundo virtual. A USP está terminando o primeiro arremedo de "Holodeck".

Mas, talvez para não mostrar muita pretensão, os pesquisadores da Universidade de São Paulo preferiram chamar a sala de realidade virtual de Caverna Digital. O nome vem da sigla em inglês: CAVE: CAVE "Automatic Virtual Environment", ou ambiente virtual automático. Trata-se de uma sala de 9 metros cúbicos, com sistemas múltiplos de projeção, que permite ao usuário a imersão total no ambiente criado pelo computador. São feitas projeções nas quatro paredes e no teto, a uma resolução de 2.000 x 2.500 pixels, projeções estas geradas em tempo real por um supercomputador paralelo rodando Linux. O supercomputador foi desenvolvido pela própria USP. Apesar do pequeno tamanho da sala, até seis pessoas podem compartilhar a experiência simultaneamente.

Mas a experiência está longe de ser um parque de diversões. Os 9 metros da sala estão inseridos em um laboratório de 250 metros quadrados, na Escola Politécnica. E os usuários deverão ser estudiosos de áreas como Engenharia (Naval, Oceânica, Mecânica, Civil, Automobilística e Eletrônica), Medicina (simulações cirúrgicas, estudos em anatomia) e Ciências Básicas (Astronomia, Astrofísica, Biologia e Química)

A grande utilidade de um laboratório como este é a substituição do sistema tradicional de desenvolvimento de projetos, baseado na construção de maquetes, pelo desenvolvimento de modelos virtuais. O exemplo mais famoso desse tipo de desenvolvimento é o jato 777 da empresa norte-americana Boeing. O avião foi totalmente projetado por computador. Quando a primeira unidade foi construída, a diferença na medida da envergadura do avião real (de ponta a ponta de cada asa) foi de apenas 2,5 mm em relação ao modelo virtual.