Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/09/2001
Não são poucas as histórias de descobertas científicas feitas por mero acaso. E não há apenas lendas nessas histórias. A última delas foi a descoberta de uma espuma de carbono que poderá revolucionar a forma com que são feitos os trocadores de calor, como radiadores, por exemplo. Mas a importância do novo produto é maior à medida em que se leva em conta que avanços próximos da indústria automobilística, como células de combustível e veículos híbridos (gasolina/eletricidade), exigirão componentes desse tipo com alta eficiência.
A descoberta foi feita pelo pesquisador James Klett, do Oak Ridge National Laboratory, Estados Unidos. Klett estava procurando maneiras mais baratas de se fabricar compósitos carbono-carbono, que são fibras de carbono inseridas em uma matriz também de carbono. Em uma de suas tentativas, o pesquisador percebeu que se formou uma espuma de carbono. O processo consistiu na pressurização de piche, seu aquecimento e posterior decomposição. Os gases dessa decomposição permearam todo o carbono, como o CO2 do fermento faz com a massa de pão. Essa "fermentação" inesperada criou a espuma de carbono. Tratada até se tornar uma espuma de grafite, a espuma mostrou-se excepcional condutora de calor. Na verdade, a espuma conduz calor tão bem quanto o alumínio; mas pesa apenas um quinto do alumínio.
Uma das vantagens da espuma é que, devido à sua porosidade, o ar ou a água podem fluir através dela, dando-lhe uma coeficiente de troca de calor imbatível.
O otimismo com o novo material não é injustificado. O laboratórios estão justamente às voltas com problemas de aquecimento, ao cuidar da instalação de células de combustível em automóveis. Mas a espuma poderá influir até mesmo na aerodinâmica dos futuros carros. Com a alta eficiência que os radiadores alcançarão, eles poderão ser deslocados da frente do carro para onde for mais conveniente. Desta forma, o efeito sobre a economia de combustível será dupla: carros mais leves e com melhor aerodinâmica.