Agência FAPESP - 20/09/2005
Retorno à Lua
A hora de voltar à Lua está chegando. A Nasa, agência espacial norte-americana, anunciou na segunda-feira (19/9) os planos para a próxima geração de espaçonaves que levará novamente o homem ao satélite terrestre.
Trinta e três anos depois de lá ter pisado pela última vez, agora é para valer. Nada de passeios ou caminhadas, as próximas missões trazem o muito mais ambicioso objetivo de estabelecer uma base. Ou seja, uma infra-estrutura para que astronautas passem temporadas para estudar a Lua.
A base também será utilizada como ponto de parada para levar missões tripuladas a Marte e outros planetas do Sistema Solar.
Novas espaçonaves
A jornada começa em breve, com a construção da nova espaçonave.
Construída a partir das experiências com as missões Apolo e dos ônibus espaciais - que estão próximos da aposentadoria -, a idéia da agência é que as naves do século 21 sejam confiáveis, versáteis, seguras e de baixo custo. Pelos menos muito mais baratas do que as primeiras, pois se estima que o programa Apolo tenha custado mais de US$ 130 bilhões em dinheiro de hoje.
A nova espaçonave será feita para levar e trazer de quatro a seis tripulantes, além de transportar suprimentos à Estação Espacial Internacional (ISS). A cápsula terá forma parecida com a das missões Apolo, mas será três vezes maior.
A Nasa quer ver os primeiros vôos até a ISS em apenas cinco anos. Deverão ser seis viagens por ano à estação. Em seguida, missões com robôs a bordo serão enviadas à Lua. Em 2018, será a hora de o homem voltar a caminhar pelo único satélite terrestre natural.
Metano líquido
Com painéis solares para gerar eletricidade, tanto a cápsula quanto o módulo lunar usarão metano líquido como combustível. Por que metano? Segundo a Nasa, a idéia é pensar no futuro, quando poderá ser possível converter recursos encontrados na atmosfera marciana em metano.
Cada nova espaçonave deverá ser utilizada até dez vezes. E a idéia é que seja mesmo, pois para construir a base os vôos à Lua terão que ser muito freqüentes. Serão pelo menos dois por ano. Diferente das missões Apolo, que precisavam pousar na linha do equador lunar, o novo veículo carregará combustível suficiente para descer em qualquer local da superfície do satélite.
Segundo a Nasa, o sistema de lançamento será dez vezes mais seguro do que o do ônibus espacial, por conta de um foguete de escape colocado na cápsula que pode rapidamente remover a tripulação caso ocorra algum problema durante a decolagem.
Uma vez que a base esteja construída, os astronautas poderão permanecer ali por até seis meses. A nave também terá a capacidade de operar sem tripulantes na órbita lunar, eliminando a necessidade de que um tripulante permaneça ali enquanto os outros exploram a superfície. Michael Collins, o único que não pisou na Lua na missão de julho de 1969, certamente deve ter gostado da novidade.
Doze homens e um destino
O homem levou milhares de anos para conseguir chegar àquele misterioso e aparentemente eterno objeto branco - ou amarelo, ou ainda azul, como na música "Blue moon" - no céu. A Lua dos poetas e sonhadores, dos malucos e apaixonados, dos cientistas e filósofos, foi conquistada em 20 de julho de 1969, quando os astronautas do módulo Águia, da missão Apolo 11, andaram em sua superfície, tornando incrivelmente curta uma distância média de 384 mil quilômetros.
Neil Armstrong e Edwin "Buzz" Aldrin, ambos então com 38 anos, foram os primeiros humanos a pisar na Lua. O momento, visto por 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, é considerado um dos mais marcantes de toda ahistória humana. Trouxeram 27 quilos de pedras e pó, além de muitas fotos, que se tornariam famosas e seriam reproduzidas para sempre. Deixaram uma placa de aço inoxidável com os dizeres (em inglês): "Aqui, homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua, em julho de 1969. Viemos em paz em nome de toda a humanidade".
Da primeira vez a dezembro de 1972, de Armstrong a Harrison Schmitt, um total de 12 astronautas, todos norte-americanos, pousaram no satélite terrestre. Até agora são os únicos, junto com os outros 12 que chegaram perto mas não desceram, a deixar a órbita terrestre, "corajosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve", como dizia o bordão da série de TV "Jornada nas estrelas". Em alguns anos, terão muita companhia.