Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Destaques e Imagens

A agulha como fronteira da escala humana

Agostinho Rosa - 15/10/2007

A agulha como fronteira da escala humana

A medida de todas as coisas

O filósofo grego Plutarco dizia que "O homem é a medida de todas as coisas." Sofismas à parte, o homem sempre procurou comparativos que trouxessem as dimensões infra ou sobre-humanas para mais perto de si.

Esta foto, de autoria do inglês Peter Parks, é uma das premiadas no Nikon Small World, um concurso anual que premia imagens feitas com técnicas de microscopia. Não foi a primeira, mas a quinta colocada. Por que então não escolher a primeira colocada como a imagem da semana do Inovação Tecnológica?

Por que esta imagem comporta um aspecto por assim dizer, "histórico": a agulha como medida daquilo que é diminuto. Até hoje, nas comunidades mais simples, é comum a utilização da ponta e do buraco da agulha como formas de se exemplificar coisas muito pequenas, como se a agulha representasse uma espécie de fronteira daquilo que é perceptível pelo ser humano.

Nanoscopia

Esta fotografia foi feita com uma ampliação de apenas 20 vezes. Todo o mundo da microscopia óptica ainda está imerso nesse pequeno mundo, cheio de vida. E, ainda mais "abaixo", temos o mundo só revelado pela microscopia eletrônica.

E agora podemos descer mais, encontrando o mundo da nanoscopia, onde coisas menores do que o comprimento de onda da luz que enxergamos podem ser "vistos" e alcançados, quase tocados - outra forma apenas poética de trazer as coisas para a dimensão humana, já que, a partir de certo ponto, quando as coisas se tornam quânticas, nada mais pode rigorosamente ser tocado.

E, no reverso da agulha, temos o "lado de cima", com os telescópios trazendo galáxias inteiras, e aglomerados de galáxias, para dentro de uma imagem, mostrando maravilhas que nossos olhos não alcançam. E maravilhas que nossos olhos realmente não veriam, mesmo que fôssemos transportados para a vizinhança desses espetáculos acima de toda a escala humana - a maioria das fotos dos grandes telescópios é feita em comprimentos de onda que não enxergamos, tendo que ser "traduzidas", comprimidas para a dimensão humana, para aquela pequena porção do espectro eletromagnético capaz de sensibilizar nossos olhos. Somos capazes de nos sensibilizar com muito mais do que nossos olhos conseguem ver.

É uma grande arrogância acreditar que o homem seja a medida de todas as coisas. Talvez possamos nos tornar um pouco mais sábios e alcançarmos um equilíbrio que una nossa pequenez diante dos mundos que se descortinam anos-luz acima, nossa grandiosidade frente às formas infinitesimais de vida, muito menores do que um buraco de agulha e, sobretudo, nossa responsabilidade com ambos.

Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Microscópios
  • Miniaturização
  • Telescópios
  • Fotônica

Mais tópicos