Tom Simonite - NewScientist.com - 07/06/2006
Cientistas europeus desenvolveramu um robô projetado para rastejar no interior dos intestinos humanos, imitando o movimento de zigue-zague de um verme marinho. Um dia, ele poderá ajudar os médicos no diagnóstico de doenças, carregando minúsculas câmeras no interior do corpo dos pacientes.
A equipe por trás do novo robô inclui cientistas da Itália, Alemanha, Grécia e Reino Unido. Eles se inspiraram nos poliquetas, ou "vermes com nadadeiras", que usam pequenas nadadeiras nos segmentos de seus corpos para se mover pela areia, pelo lodo ou pela água.
"Nós buscamos uma inspiração biológica porque, no ambiente peculiar do intestino, formas tradicionais de locomoção robótica não funcionam," explica Arianna Menciassi, uma roboticista da Escola Sant'Anna de Estudos Avançados em Pisa, Itália. "Vermes têm sistemas de locomoção adequados a este ambiente escorregadio e sem estrutura definida."
A equipe estudou a forma como vermes reais utilizam suas nadadeiras para rastejar e desenvolveram modelos de computador para simular o movimento. Os cientistas italianos então colocaram lado a lado dois protótipos de robô que se movem da mesma forma.
Intestino de porco
Vídeos disponibilizados pelos cientistas mostram um protótipo anterior rastejando sobre uma seção do intestino de um porco, e uma versão recente do robô na mão da pesquisadora. Outros clipes mostram protótipos mais complexos, com múltiplas nadadeiras e corpos ondulados, rastejando sobre areia, para simular as condições escorregadias do intestino, e sobre uma superfície lisa.
Agora os pesquisadores planejam desenvolver um robô equipado com uma câmera e uma fonte de luz, para capturar seqüências de vídeo à medida em que ele caminha. Atualmente, os médicos exploram o intestino utilizando endoscópios, que têm que ser inseridos no interior do corpo, ou "pílulas-câmera", que devem ser engolidas pelo paciente.
Uma pílula capaz de navegar pelos intestinos por sua própria conta poderá ser uma ferramenta valiosa, diz Andrew Gardner, um especialista em imageamento médico, da Universidade College London.
"Cápsulas podem lhe mostrar locais que nenhum outro equipamento consegue, mas você não consegue pará-las ou fazê-las andar mais lentamente quando você encontra um ponto de interesse," disse ele à New Scientist.
Fenda interessante
"Tendo um certo controle, talvez mesmo virar e ir olhar em uma fenda que, de outra forma, seria perdida, poderá ser muito valioso."
Mas Gardner diz que o sistema irá precisar de testes rigorosos. "Se algo tão complicado funcionar mal, poderá ser muito difícil retirá-lo." Ele acredita que poderá levar anos de testes em laboratórios e em animais antes que o robô esteja pronto para uso clínico.
Menciassi concorda, mas diz que o projeto tem muitos outros benefícios. Ele poderá, por exemplo, ajudar os biólogos a estudar a locomoção animal. "Os robôs poderão ser utilizados para validar teorias sobre como determinados animais se movem," disse ela.