Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/04/2004
Três robôs mergulhadores foram as estrelas da expedição Southern Ocean Iron Experiment, coordenada pelo Lawrence Berkeley National Laboratory (Estados Unidos). Os robôs, chamados de "Carbon Explorers", coletaram dados para verificar a chamada "hipótese do ferro", uma teoria que sustenta que a adição de pequenas quantidades de ferro, um micronutriente essencial, às águas dos oceanos ricas em outros nutrientes, pode fazer com que as plantas aquáticas cresçam mais vigorosamente.
A comprovação da hipótese do ferro não é apenas uma curiosidade científica: plantas marinhas mais vigorosas podem remover mais dióxido de carbono da atmosfera, contrabalançando a poluição industrial e reduzindo o efeito estufa. É por isto que os cientistas escolheram a Antártica, uma área marinha pouco explorada e com pouco tráfego de navios: desta forma eles poderiam colocar suas teorias à prova em uma região com pouca influência externa, logo, com pequeno risco de verem o experimento danificado por acidentes.
Programados para descer a profundidades de até um quilômetro várias vezes ao dia, os robôs foram deixados no mar, movimentando-se ao sabor das correntes, durantes dois meses. Dois deles foram guiados pelas correntes conforme esperado e acompanharam uma área "fertilizada" com ferro. O terceiro desviou-se do caminho e seus dados não puderam ser aproveitados na pesquisa.
Além dos instrumentos científicos necessários ao experimento, os robôs possuem um avançado aparato de comunicação via satélite, através do qual eles enviaram dados continuamente aos cientistas. Eles também podem ser programados remotamente. Isto permitia aos cientistas fazer com que eles descessem a determinada profundidade e lá permanecessem por um tempo programado, suficiente para coletar os dados necessários.
Os dados coletados pelos robôs mostraram que, para cada átomo de ferro adicionado à água, o plâncton capturou entre 10.000 e 100.000 átomos de carbono abaixo dos 100 metros, bem além da zona em que a luz estimula o crescimento das plantas. O resultado é um crescimento vegetal quatro vezes maior na área fertilizada rica em nitratos mas pobre em silicatos. As medições contrariaram as expectativas de que a falta de silicatos dissolvidos pudesse limitar o crescimento do plâncton. Os dados foram publicados no exemplar de 16 de Abril da revista Science.