Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/08/2003
Vasculóides
Em 1962, o escritor de ficção científica Arthur Clarke previu a criação dos notebooks.
A previsão tornou-se realidade pouco mais de 30 anos depois.
É baseando-se nesse argumento que o cientista Robert A. Freitas Jr. afirma que "logo" será possível substituir inteiramente o sangue humano por nano-robôs, máquinas diminutas que ele chama de vasculóides.
A idéia surgiu em 1996, quando o professor participou de uma lista de discussões da Universidade de Stanford (Estados Unidos). O então estudante Eric Drexler lançou uma pergunta que poderia parecer ingênua ou mesmo sem sentido: "Que tal substituir o sangue por um complexo de robôs?".
Mas a pergunta não soou sem sentido para o Dr. Robert, autor do livro Nanomedicina, cujo segundo volume está para chegar às livrarias. O livro é a primeira discussão aprofundada da aplicação da nanotecnologia, a ciência que habita o reino dos nanômetros (um nanômetro é igual a um bilionésimo de metro), no campo da medicina.
Nano-robôs para substituir o sangue humano
A primeira pergunta acerca de se substituir o sangue humano por 500 trilhões de nano-robôs é a mais simples possível: - Para quê? O professor não se intimida e enumera pelo menos nove razões que ele considera principais. Dentre elas estão:
Segundo a visão do Dr. Robert, os vasculóides comporão um sistema robótico com fins medicinais capaz de duplicar todas as funções essenciais, termais e de transporte bioquímico, do sangue humano, incluindo a circulação de gases respiratórios, glucose, hormônios e componentes celulares.
Os 500 trilhões de nano-robôs pesariam, juntos, cerca de 2 quilogramas, seriam construídos com materiais cristalinos parecidos com safira ou diamante e consumiriam entre 30 e 200 watts, dependendo do nível de atividade do indivíduo.
A condutividade termal da safira a coloca em vantagem em relação ao diamante. A construção dos nano-robôs deverá começar com uma placa desse material "safiróide", sobre a qual seriam construídos os nano-robôs.
Esse material ainda não foi criado, mas o professor irá lançar um livro sobre ele em 2004. Cada nano-robô mediria um mícron quadrado de área, o que os tornaria adequados para passar pelos mais finos vasos capilares do corpo humano.
Quem tem medo da nanotecnologia?
Àqueles que temem a nanotecnologia, o professor avisa que os nano-robôs não seriam auto-replicáveis, ou seja, não seriam capazes de construir outros robôs iguais a si mesmos.
O sistema inteiro deveria ser construído fora do corpo humano e injetado em uma transfusão completa.
A auto-replicação é um dos principais argumentos daqueles que temem que o homem perca um dia o controle da situação para as máquinas.
Teoricamente, um nano-robô, tão pequeno quanto algumas moléculas e capaz de manipular até mesmo átomos individuais, poderia criar outro igual a ele mesmo de qualquer material que encontrasse. No limite, todo o planeta seria transformado em nano-robôs.
O professor estima que será possível a construção de sistemas vasculóides dentro de 40 a 50 anos.