Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/10/2002
Eles são chamados de "gliders" (planadores), mas se movem sobre a água e não no ar. Dois novos robôs planadores - veículos subaquáticos autônomos - movimentados pelas alterações em sua própria flutuação ou por diferentes camadas de temperatura no oceano, serão testados operacionalmente pela Universidade Sudeste da Califórnia (Estados Unidos). Os testes começarão em 21 de Janeiro e irão até 7 de Fevereiro de 2003. Os dois robôs foram desenvolvidos com o apoio do escritório de pesquisas da Marinha norte-americana.
A empresa Webb Research, com sua longa experiência no projeto e construção de equipamentos oceanográficos, irá lançar o seu Slocum Glider durante o exercício. O nome é uma homenagem a Joshua Slocum, um navegador solitário que navegou sozinho ao redor do mundo entre 1.895 e 1.898. O Slocum Glider usa um motor de calor que captura energia de uma camada no oceano onde a temperatura muda rapidamente. É uma espécie de fronteira entre a água quente da superfície e a água gelada das regiões mais profundas. O robô se movimenta milhares de vezes entre a superfície e uma profundidade programada, retirando a energia que ele necessita para alterar suas flutuabilidade do fluxo de calor da água.
O Slocum Glider foi projetado para permanecer no oceano de forma totalmente autônoma por cinco anos, num zigue-zague vertical entre a superfície e profundidades de até 1.500 metros. Enquanto se movimenta, ele mede a salinidade e a temperatura da água, plota correntes e redemoinhos, conta plantas microscópicas e registra sons, como os "cantos" de baleias.
O outro robô foi construído pelo Laboratório de Física Aplicada da Universidade de Washington. O Seaglider, ao emergir, capta sinais de posicionamento através de um GPS. Desta forma ele é capaz de se guiar enquanto mergulhado, deslizando numa seqüência de pontos programados. Ele tem autonomia para cruzar oceanos inteiros em missões que podem durar meses, emergindo e mergulhando em profundidades de mais de 1.000 metros. Ele pode ser lançado e recuperado de pequenos botes, não exigindo missões de navios grandes e caros. O Seaglider coleta dados físicos, químicos e bio-óticos do oceano.
A Marinha norte-americana está interessada em veículos como o Seaglider e o Slocum Glider porque eles disponibilizam ferramentas para coletar dados sobre regiões do oceano necessárias para tarefas como, por exemplo, medidas contra minas inimigas. Estes sistemas empregam os mais modernos avanços da ciência e da tecnologia na detecção, identificação e classificação de minas, mesmo em águas muito rasas. Eles tiram vantagens dos recentes avanços nos sensores, robótica, redes e processamento de sinais. Desenvolvidos em parceria entre o governo, indústria e Universidades, as tecnologias antiminas permitirão evitar o risco para os marinheiros quando navegando em áreas hostis, podendo neutralizar as minas antes que os navios se aproximem.