Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/05/2003
"O programa motor da política de Ciência e Tecnologia é a descentralização dos recursos. O Sudeste do país tem que entender que só será rico e só obterá sucesso se o Norte e o Nordeste o forem também". Foi com esta frase que o ministro Roberto Amaral conduziu seu discurso na Conferência "Política de Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento do País", no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, nesta quarta-feira (14), naquela capital.
A conferência, que reuniu secretários de estado do Nordeste, reitores de universidades públicas e privadas e empresários, foi patrocinada pela Federação das Indústrias e pelo Fórum de Tecnologia, ambos do Ceará.
Amaral aproveitou o encontro para elencar alguns pontos que motivaram a polêmica a respeito das mudanças promovidas pela implementação da nova política para Ciência e Tecnologia no país. "Estamos trocando a exclusão pela inclusão. No Brasil, tudo está concentrado: a renda, a política, o desenvolvimento e a Ciência e Tecnologia. Vamos desconcentrar a parte que nos cabe para garantir o acesso de todos aos bens produzidos", assegurou.
Outros pontos pinçados pelo ministro foram: a ética, "porque queremos que a ciência e tecnologia transformando o Brasil pobre num Brasil rico"; pensar o Brasil de hoje soberano, empreendendo uma política de substituição seletiva de importações; e pensar o Brasil do futuro, "nos perguntado quais doutores vamos precisar dentro de 20 anos", acrescentou Amaral.
Dando exemplos de ações concretas do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) na direção da descentralização, Roberto Amaral lembrou que estão sendo firmados convênios com estados como o Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará, no sentido de implementar institutos e centros de pesquisas como o Instituto Nacional do Mel, em Picos; o Instituto de Neurociência, em Natal; e um grande investimento em recursos humanos (doutorados), nas áreas de recursos hídricos, metal-mecânica e tecnologia da informação, consideradas pelo governo cearense como estratégicas para o estado.
Além disso, assinalou Amaral, tem ainda a criação do Instituto do Semi-Árido, que terá a sede definida até o final de maio. "Com isso, estamos dando mostras concretas de que a descentralização já está em curso. O Sudeste do país tem que entender que só será rico e só obterá sucesso se o Norte e o Nordeste o forem também".
A reitora da Universidade do Rio Grande do Sul e presidente da Associação Nacional de Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), Vrânia Fanzini manifestou apoio e solidariedade à política de descentralização de Ciência e Tecnologia do novo governo. "Apesar de ser do Rio Grande do Sul acredito que nenhum estado pode ser grande se não fortalecermos o Nordeste. É preciso combater as desigualdades, desenvolvendo ciência e tecnologia de forma integrada", defendeu, elogiando ainda o encontro que viabilizou o diálogo entre os representantes do Estado, das universidades e das empresas.
A importância da inovação para a competitividade dos produtos brasileiros foi lembrada pelo vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Ivan Bezerra. "Precisamos modernizar para competir em qualidade e quantidade. Os empresários não têm condição de modernizar sua empresas com os juros praticados no Brasil. Se a globalização nos quebra, os juros também o fazem".
O secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Hélio Barros, também manifestou apoio à política do MCT do governo Lula. "O que o ministro Roberto Amaral está trabalhando no Brasil nós estamos executando em cada estado do Nordeste".