Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/05/2003
Uma pesquisa feita na Holanda revelou um efeito até hoje desconhecido no grafite. A descoberta foi feita pelo físico Martin Dienwiebel, da Universidade de Leiden, que utilizou um microscópio altamente sensível, chamado FFC ("Friction Force Microscope"). O pesquisador batizou o efeito de "superlubrificação".
A descoberta é surpreendente, principalmente quando se constata que o grafite já foi extensivamente estudado e é largamente utilizado na indústria como lubrificante. Mas o pesquisador descobriu que a força fricional do material praticamente desaparece em determinado momento, o que equivale a dizer que ele se aproxima de um lubrificante perfeito.
Tão surpreendente também é o fato de que Dienwiebel somente estava testando o microscópio de força que ele próprio construiu. O FFC é um microscópio de rastreamento capaz de medir forças friccionais nas três dimensões espaciais, com precisão de poucos picoNewtons. O grafite era apenas um coadjuvante no trabalho.
O grafite é constituído de carbono puro, com os átomos dispostos em camadas superpostas. Os átomos de carbono em uma camada de grafite formam uma espécie de paisagem ondulada, similar a uma caixa de embalagem de ovos. As diversas camadas deslizam umas sobre as outras, o que explica o efeito lubrificante do material. Entretanto, ocorre resistência nesse processo de deslizamento se os "morros" de uma camada coincidirem exatamente com os "vales" da camada vizinha.
Mas se duas camadas estiverem rotacionadas uma em relação à outra, haverá pontos onde os picos de uma camada tocam os picos da outra camada. Como resultado, as duas camadas nunca se encaixarão e a resistência praticamente desaparece. Este é o fenômeno que o pesquisador chamou de superlubrificação.
Uma lata de spray de grafite é cheia de pequenos flocos do material. Ao sair da lata, sob pressão, esses flocos caem de maneira totalmente aleatória. Conseqüentemente, haverá uma infinidade de flocos rotacionados uns em relação aos outros, minimizando a resistência. Com a descoberta feita por Dienwiebell pode-se agora partir para a fabricação de lubrificantes com controle da deposição do material de forma a se obter o máximo de rendimento do grafite.