Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/02/2007
Demônios não demoníacos
James Clerk Maxwell, um dos maiores cientistas dos últimos 150 anos, como todo gênio, tinha muita criatividade para descrever suas idéias inovadoras.
Em 1867, ele descreveu a possibilidade de construção de uma nano-máquina, um dispositivo de dimensões atômicas que seria capaz de aprisionar moléculas à medida em que caminhasse numa direção específica.
Esse robô microscópico recebeu o nome de "Demônio de Maxwell". Essa tradução já é largamente utilizada, embora o termo original ("Maxwell Demon") não tenha essa "conotação demoníaca" - "demon" está mais para capetinha ou criança travessa (o termo com o sentido de demônio em inglês é "daemon").
Se Maxwell tivesse idealizado um saci, talvez uma peneira arremessada sobre um redemoinho tivesse bastado. Mas um capetinha, ou demônio, teve que esperar 140 anos.
Demônio de Maxwell
Agora, pesquisadores da Universidade de Edinburgo, Escócia, finalmente conseguiram construir o Demônio de Maxwell, ou, mais propriamente, a nanomáquina de Maxwell.
Talvez em 1867 a idéia pudesse soar como uma curiosidade científica ou como alimento para escritores de ficção. Mas hoje, em plena revolução da nanotecnologia, o "capetinha" poderá permitir, por exemplo, que raios laser movam objetos remotamente.
Como previsto, a nanomáquina consegue aprisionar moléculas à medida em que se move. A energia dessas moléculas aprisionadas poderá um dia ser utilizada para mover objetos sólidos à distância.
"[...]a máquina precisa de energia e em nosso experimento ela foi alimentada por luz. Embora a luz já tenha sido usada para energizar partículas minúsculas diretamente, esta é a primeira vez que um sistema foi desenvolvido para aprisionar moléculas à medida em que ele se move numa certa direção seguindo seu movimento natural. Uma vez aprisionadas, as moléculas não conseguem escapar," diz o cientista David Leigh.
Saltos das nanomáquinas
Aplicações dessa máquina nanotecnológica poderão incluir a utilização das moléculas aprisionadas para gerar uma força que atuará sobre objetos sólidos, utilizando-se, por exemplo, uma caneta a laser como fonte primária de energia.
A construção do Demônio de Maxwell foi possível graças a avanços anteriores feitos pela equipe do Dr. Leigh. A respeito, veja Nanomáquinas dão um salto tecnológico.