Agência FAPESP - 17/01/2007
Um grupo de pesquisadores de diversas instituições nos Estados Unidos acaba de descrever um método para direcionamento de nanopartículas para tumores. Segundo os cientistas, as partículas mimetizam a ação das células sangüíneas conhecidas como plaquetas e podem se dirigir a lugares específicos do corpo.
PeptídeosO sistema é baseado em um peptídeo que reconhece as proteínas do plasma coagulado e se dirige, de forma seletiva, aos tumores. Ali, as partículas se ligam aos vasos sangüíneos e desencadeiam uma coagulação que atrai mais partículas. A descoberta, de acordo com os autores, pode ajudar no desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico e terapia.
O estudo será publicado esta semana no site e posteriormente na versão impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). O trabalho teve como base a capacidade das nanopartículas em se dirigir a alvos específicos no interior do organismo. Segundo os autores, diversas nanopartículas foram desenhadas para atingir tumores, mas a eficiência tem sido relativamente baixa.
Nanopartículas na corrente sangüíneaA equipe, coordenada por Erkki Ruoslahti, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, desenvolveu uma técnica para amplificar essa habilidade de direcionamento que consiste em desenhar uma nanopartícula multifuncional com a capacidade de se agarrar a uma estrutura de proteína encontrada apenas em tumores e vasos sangüíneos associados.
De acordo com o estudo, o alvo tem a vantagem de ser facilmente visível para nanopartículas introduzidas na corrente sangüínea. Para testar a capacidade de direcionamento das partículas, os pesquisadores injetaram nanopartículas em camundongos e descobriram que elas se ligavam apenas a vasos tumorais. Ao agarrar-se, as partículas induziam uma coagulação seletiva do sangue, que por sua vez atraíam mais nanopartículas, plaquetas remanescentes e ação coagulante.
QuimioterapiaComo as nanopartículas causaram apenas coagulação em vasos tumorais, o método poderia ajudar a cortar o suprimento de sangue de um tumor, de acordo com os pesquisadores. A adição de agentes quimioterapêuticos a nanopartículas poderia resultar em uma maneira efetiva de mirar os tumores para o direcionamento de drogas.