Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/10/2006
Ponto focal ajustável
Lentes capazes de alterar seu comprimento focal não são exatamente uma novidade.
Elas já existem em diversas versões em dimensões de até um milímetro e até em versões macroscópicas, que poderão um dia vir a substituir os óculos bifocais.
Mas, em todos os casos, as lentes necessitam de estímulos externos para alterar seu ponto focal e permitir que se enxergue com perfeição objetos que estejam a diferentes distâncias.
Agora, pesquisadores da Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, criaram uma nova microlente capaz de alterar o seu ponto focal de forma totalmente autônoma.
As microlentes ajustáveis poderão ser uma ferramenta importante para a construção de microlaboratórios ("lab-on-a-chip"), imageamento óptico de microestruturas, diagnósticos médicos e para a construção de sistemas microfluídicos bio-ópticos.
Tudo micro
Os pesquisadores estão criando várias versões de microlaboratórios e sistemas microfluídicos para a detecção de elementos biológicos em pequenas amostras.
"Utilizar sensores tradicionais nesses microchips é uma opção para esse tipo de trabalho - mas ambientes líquidos freqüentemente não são amigáveis com os dispositivos eletrônicos," diz o pesquisador Hongrui Jiang.
É aí que entram as novas microlentes de foco adaptável, construídas pela equipe do Dr. Jiang. Elas são feitas com um material chamado hidrogel - polímeros com uma estrutura parecida com gelatina.
Os cientistas conseguem configurar esses hidrogels para que eles respondam a parâmetros específicos de estimulação - temperatura e pH, por exemplo.
Desta forma, o hidrogel "sente" a substância com a qual ele deve interagir, tomando uma reação pré-programada - espichar ou encolher, entre outras possibilidades.
Hidrogel
No caso das microlentes, o hidrogel funciona como atuador para fazer com que a lente altere seu ponto focal. As lentes são construídas na forma de uma interface óleo-água, formada no interior de um tubo de hidrogel. O tubo é cheio de água, com a outra extremidade tampada com uma película de polímero.
O tubo é tratado de forma diferente, sendo hidrofílico - atrai água - em um segmento e hidrofóbico - repele água - em outro. A lente de água-óleo é mantida fixa onde as superfícies hidrofílica e hidrofóbica se encontram.
Quando o hidrogel se incha em resposta a uma substância, a água no tubo forma uma saliência e a microlente se torna divergente; quando o hidrogel contrai, a água é comprimida e a microlente se torna convergente. "Quando menor o comprimento focal, mais perto você consegue olhar," diz Jiang.
Como as novas microlentes permitem o reconhecimento de sinais ópticos, elas poderão permitir a criação de novos métodos de sensoriamento, como intensidade de luz, fluorescência - além de permitirem a observação direta do ambiente no interior dos canais microfluídicos dos microlaboratórios.