Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/09/2006
Ao invés de tomar um comprimido, imagine uma microcápsula que vai até o órgão que precisa de tratamento e somente lá libera a quantidade exata de medicamento necessário. Esta é uma espécie de cálice sagrado na medicina e vem sendo tenazmente perseguida por todos os cientistas que lidam com a nanotecnologia na área médica.
Agora, cientistas do Instituto Max Planck, Alemanha, deram mais um passo rumo a esse objetivo. Eles conseguiram liberar um medicamento de forma controlada em uma célula de um tumor. O medicamento foi colocado em uma minúscula cápsula, que foi aberta com um pulso de laser depois que ela atingiu a área do tumor.
A cápsula, medindo apenas alguns micrômetros de diâmetro, é construída com camadas alternadas de polímeros carregados positivamente e negativamente. Misturando nanopartículas de ouro ou prata aos polímeros, a equipe do Dr. André Skirtach criou uma espécie de "abre-te sésamo" nanotecnológico. Só que, ao invés de mágica, eles utilizaram um pulso de raio laser.
O raio laser infravermelho aquece a superfície da cápsula, causando a quebra das ligações atômicas dos polímeros. A cápsula então se abre e libera o medicamento. Embora os testes ainda estejam sendo feitos em células isoladas, os cientistas acreditam que o princípio poderá ser igualmente utilizado no interior do corpo humano.
O laser não apresenta riscos, já que ele praticamente não é absorvido pelos tecidos. Por outro lado, ele somente consegue penetrar até um centímetro de profundidade, significando que a técnica não poderia ser utilizada para tratar tumores internos.
Os cientistas também terão que obter a colaboração de colegas que estão avançando em outras áreas de pesquisa. Isto porque suas cápsulas ainda não conseguem identificar as células tumorais sozinhas, devendo ser guiadas até o local de destino.