Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/09/2005
Cientistas da Universidade de Edinburgo, Escócia, deram um passo gigantesco rumo à construção de nanomáquinas capazes de executar trabalhos reais. Em sua demonstração, eles utilizaram sua criação para movimentar um objeto - gotas de líquido - visíveis a olho nu.
A equipe moveu as gotas - de um microlitro cada uma - de di-iodo-metano, não apenas ao longo de uma superfície plana, mas também fizeram-nas subir um milímetro por uma "ladeira" de 12 graus de inclinação. Pode parecer um movimento muito pequeno mas, no reino da nanotecnologia, isto representa um salto gigantesco.
Embora inúmeros cientistas estejam trabalhando com as chamadas "máquinas moleculares" - um processo que busca mover partes de uma molécula de forma controlada - os pesquisadores escoceses foram os primeiros a conseguir fazer com que estas máquinas interajam com objetos macroscópicos, visíveis a olho nu.
Os cientistas desenvolveram uma superfície parecida com os materiais antiaderentes comercialmente disponíveis, coberta com "arremessadores" moleculares sintéticos, componentes que se movem para cima e para baixo por um milionésimo de milímetro quando expostos à luz. O movimento das gotas resulta da mudança nas propriedades da superfície depois que a maioria das "moléculas arremessadoras" mudou de posição.
O fenômeno é tão eficiente que gera energia capaz de mover a "gigantesca" gota. Em termos de escala, o processo é equivalente a um motor convencional com pistões que se deslocassem apenas um milímetro, movimentando um objeto com duas vezes a altura do maior edifício do mundo.
Máquinas moleculares estão por toda parte - são elas que fazem nossos músculos se moverem. Mas construir máquinas moleculares artificiais não é nada fácil, porque a física que governa como as coisas se comportam em nível molecular é muito diferente da física convencional.
Isto significa que a possibilidade de se ver grandes objetos sendo movidos remotamente por feixes de raios laser ainda está longe de acontecer. Mas esta pesquisa, publicada na revista Nature Materials, coloca ao alcance dos cientistas mecanismos práticos para implementação em microlaboratórios - os famosos "lab-on-a-chip" - e para fazer reações químicas em nanoescala sem a necessidade de tubos de ensaio.
"A natureza usa as máquinas moleculares em virtualmente todos os processos biológicos e, quando nós aprendermos como construir e controlar essas estruturas, nós veremos que elas têm o potencial para revolucionar as tecnologias baseadas em moléculas, desde os cuidados com a saúde até a construção de materiais inteligentes," disse o professor David Leigh, coordenador da pesquisa.