Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/05/2005
Escultura em fio de cabelo
"Milhares de vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo humano."
Esta é uma das frases mais lidas em reportagens que falam sobre os feitos da nanotecnologia.
Talvez inspirados pela linguagem jornalística, cientistas da Universidade de Boston, Estados Unidos, agora conseguiram construir estruturas feitas exatamente sobre fios de cabelos humanos.
Utilizando raios laser, a equipe do químico John T. Fourkas criou um método que é capaz de esculpir as estruturas nos fios de cabelo sem queimá-los.
Fotopolimerização multifotônica
Eles utilizaram uma técnica chamada fotopolimerização por absorção multifotônica (MAP), na qual um polímero pode ser depositado sobre o ponto focal de um laser.
Movimentando-se o feixe do laser, pode-se construir padrões que permitem a formação de complicadas estruturas tridimensionais.
A precisão do laser é tão grande que permite a construção de estruturas que são até 1000 vezes menores do que o diâmetro do fio de cabelo que lhes serve de substrato.
O resultado da experiência demonstra que a técnica MAP pode ser utilizada para a criação de estruturas em biomateriais de forma não destrutiva, abrindo caminho para a criação de biodispositivos, como micromanipuladores para células ou até mesmo proteínas individuais.
Além disso a técnica de fotopolimerização por absorção multifotônica utiliza apenas equipamentos relativamente simples e baratos, o que a torna acessível a laboratórios e empresas do mundo todo.
Sem danificar o cabelo
"Nós construímos a estrutura sobre o fio de cabelo com um material que é parecido com o plexiglass," explicou o professor Fourkas. "Uma das coisas realmente entusiasmantes e inesperadas nessa experiência é que nós descobrimos que podemos construir essa estrutura sobre o cabelo sem queimá-lo de nenhuma forma. Isso sugere que possamos conseguir o mesmo utilizando outros materiais biológicos. Pode-se imaginar, por exemplo, a construção de dispositivos diretamente sobre a pele, vasos sanguíneos e eventualmente até sobre uma célula viva. Embora essa idéia ainda esteja hoje no reino da ficção científica, nossos resultados representam um passo importante nessa direção."
A técnica também poderá ser utilizada para a criação de componentes para comunicações ópticas, já que as dimensões e a sensibilidade das fibras ópticas podem ser comparadas ao material biológico agora utilizado.